segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Policiais militares e a crise com o Governo Déda

Novo "Tolerância Zero" expõe fragilidade da política de relacionamento do Governo estadual com as classes de servidores

Na sexta-feira passada, os policiais militares reunidos em assembleia votaram pelo retorno do movimento “Tolerância Zero”, iniciativa pela qual a categoria conseguiu um grande reajuste financeiro no primeiro mandato do Governo Déda.

Agora, os militares retomam os protestos como forma de pressionar a administração estadual para a definição da Lei Orgânica Básica da corporação e da carga horária de trabalho, da exigência de nível superior para ingresso nas corporações e fornecimento de vale-alimentação ao invés de quentinhas, como é atualmente.

O “Tolerância Zero” é um movimento que mostrou muita força em 2009. Os militares ganharam às ruas em grandes caminhadas e lotaram por diversas vezes a Assembleia Legislativa do Estado. Não é a toa que eles elegeram um dos deputados estaduais mais votados em 2010, o capitão Samuel Alves. No tensionamento com o Governo Déda, a categoria conseguiu o objetivo principal, o reajuste salarial, que fez da PM sergipana uma das mais bem pagas do país.

No entanto, isto não repercutiu de forma positiva para o atual governador, que não teve o apoio eleitoral da categoria no ano passado e se vê hoje novamente pressionado pelos policiais militares, que reclamam de perseguição e de falta de um projeto específico para eles na Segurança Pública.

A nova empreitada dos PMs também volta a ganhar força num momento em que o Governo enfrenta uma grande crise de relacionamento com diversas categorias (professores, servidores da Saúde, funcionários da administração básica) e convive com a insatisfação quase generalizada dos servidores públicos. É algo extremamente negativo para um grupo que enfrentará uma eleição muito disputada em 2012.

De acordo com informações do blog do capitão Mano (www.capitaomano.blogspot.com), os policiais tomarão as seguintes medidas a partir de hoje:

1) Em dia determinado, todos os PMs doarão suas quentinhas a instituições e caridade;

2) Será marcada uma data simbólica onde parentes, amigos e a sociedade civil serão convidados a participar das comemorações de aniversário dos 17 anos sem promoção dos soldados da turma de 1994. Tal evento ocorrerá em frente à Assembleia Legislativa e um bolo de aniversário será servido à população;

3) Caminhadas pontuais serão realizadas com a presença dos militares de folga, utilizando os coletes vermelhos do "Tolerância Zero". Para tais caminhadas serão convocadas lideranças comunitárias, religiosas, membros da comunidade sergipana, de ONGs, familiares e amigos de militares estaduais.

4) Foi firmado o compromisso de que nenhum policial ou bombeiro militar será voluntário para trabalhar em eventos onde os militares sejam pagos com a gratificação específica desta atividade (Grae);

5) A partir de hoje, todos os cabos e soldados solicitando a concessão de três fardamentos novos, conforme o artigo 49 da lei 5.699/05.

Esta nova crise na relação entre Governo e policiais militares prejudica a sociedade e aumenta a insatisfação da população com a Segurança Pública. Num momento em que os índices de violência no Estado ganham voz diariamente na imprensa, o “Tolerância Zero” será um prato cheio para a oposição.

Caberá ao Governo repensar sua forma de se relacionar com as categorias e evitar atitudes como aquelas tomadas diante dos professores no início do ano, quando a discussão sobre o pagamento do piso virou peça publicitária contra a categoria.

Diferentemente do que pensam alguns auxiliares do governador, os comerciais de esclarecimento sobre o pagamento do piso não colocou a sociedade contra a greve dos professores. Ao contrário, expôs a falta de trato do Governo diante de reivindicações legítimas dos servidores. Este, agora, é um bom momento para mudar esta imagem.

Fonte: Blog de Valter Lima / Portal Infonet

Um comentário:

  1. O governador Marcelo Déda, de oratória e discurso é excelente, mas peca quando se afasta do dialógo com os servidores públicos. A resposta a isso é a insatisfação geral do funcionalismo público no estado de Sergipe e quando paramos para ver as reivindicações, percebemos que a questão salarial é apenas um dos itens de vários que giram em torno principalmente de condições dignas de trabalho. Infelizmente esse governo acha que as decisões tomadas no que diz respeito ao servidor, devem ser unilaterais, impostas de cima para baixo e sem direito a questionamentos por parte daqueles que estão recebendo as ordens. É o popular "enfiar goela abaixo".

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