Para movimentar cerca de R$ 400 milhões nos últimos seis anos com a
exploração do jogo ilegal no país, o esquema de Carlos Augusto de
Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, contou não apenas com a ajuda de
parlamentares, mas recebeu também cobertura exatamente daqueles que
deveriam impedir que fosse adiante: agentes das forças de segurança do
Estado em Goiás, em especial de policiais militares.
Além
de pagamento de propina para policiais militares, civis e federais, o
contraventor indicou apadrinhados para promoção e influenciou na escolha
dos nomes para postos de comando, segundo relatório da Procuradoria da
República em Goiás. Seja de forma ostensiva, com ações contra
organizações que dividiam espaço com Cachoeira no negócio do jogo
ilegal, seja de maneira velada, com a divulgação de informações
sigilosas sobre operações policiais, a tranquilidade dos contraventores
era assegurada pelos agentes da lei, numa rede que chegou a ter sete
policiais civis, sete federais e 28 policiais militares.
O pagamento de propinas – que variavam de R$ 200 a até R$ 5 mil
mensais, dependendo não só da patente como da função ocupada – a
policiais deu ao chefe da jogatina do Brasil voz de comando nas forças
policiais em Goiás. Diálogos gravados pela Polícia Federal durante
investigações da Operação Monte Castelo – que desarticulou a
organização criminosa, em fevereiro –, mostram a força do contraventor
até diante do comandante regional da Polícia Militar de Valparaíso de
Goiás. Em uma das conversas, inconformado com a troca de comando que
alçou ao cargo o tenente-coronel Alberto Carlos Clemente, Cachoeira
chama o oficial de “imbecil” e determina ao seu segundo homem, o
gerente Lenine Araújo de Souza, que o obrigue a colocar na rua operação
policial de seu interesse.
"Eu quero"
Sempre atento à movimentação de peças-chaves no comando da Polícia Militar, Cachoeira revela, em outra conversa com Lenine, ter intimidade com o então comandante do Policiamento da Capital, tenente-coronel Massatoshi Sérgio Katayama, que até a Operação Monte Carlo sonhava chegar ao posto de comandante-geral da PM naquele estado. Em uma conversa, Katayama cobrou de seu auxiliar Milton Antônio Ananias uma moto que o grupo do contraventor havia lhe prometido. O tenente-coronel pediu afastamento do cargo no dia da deflagração da Operação Monte Carlo e afirmou que o contraventor era apenas seu “informante” na área de jogos.
"Eu quero"
Sempre atento à movimentação de peças-chaves no comando da Polícia Militar, Cachoeira revela, em outra conversa com Lenine, ter intimidade com o então comandante do Policiamento da Capital, tenente-coronel Massatoshi Sérgio Katayama, que até a Operação Monte Carlo sonhava chegar ao posto de comandante-geral da PM naquele estado. Em uma conversa, Katayama cobrou de seu auxiliar Milton Antônio Ananias uma moto que o grupo do contraventor havia lhe prometido. O tenente-coronel pediu afastamento do cargo no dia da deflagração da Operação Monte Carlo e afirmou que o contraventor era apenas seu “informante” na área de jogos.
Ordens
Interesses da organização criminosa eram defendidos também por integrantes da Polícia Federal em Goiás que forneciam informações sobre o que estava sendo planejado no combate à exploração dos jogos ilegais. Delegados da PF recebiam ordens de Cachoeira, que chegou até a escolher a data das operações, revelam os diálogos apresentados no inquérito do Ministério Público Federal em Goiás. A divulgação de informações falsas pelos próprios delegados com objetivo de atrapalhar investigações do órgão também foram denunciadas pelo MP.
Reação
As corregedorias das polícias Civil e Militar de Goiás já instauraram procedimentos administrativos para apurar o envolvimento dos policiais no esquema comandado por Cachoeira. Os 35 suspeitos foram afastados de suas funções por tempo indeterminado. De acordo com o delegado chefe da Comunicação da PC goiana, Norton Luiz Ferreira, a expectativa é de que as investigações sejam concluídas em 30 dias. “Para a instituição, essa é uma situação vexatória e temos que cortar o mal”, afirmou o delegado.
A punição prevista em lei vai desde uma advertência até a exoneração do cargo. A mesma pena pode ser aplicada aos militares. Segundo o assessor de Comunicação da PM, tenente-coronel Onésio Barbosa da Cruz Júnior, integrantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também participam das investigações para garantir “maior transparência” nos atos. “A PM tem muito interesse em esclarecer tudo. Já fizemos a solicitação de todos as provas para usar nos procedimentos administrativos e de polícia judiciária militar”, disse. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal, os policiais foram presos em 29 de fevereiro, indiciados e denunciados pelo Ministério Público Federal. (Colaborou Isabella Souto)
Fonte: Estado de Minas/Blog da Renata
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