A morte de mais um policial militar no Rio Grande do Norte, o décimo terceiro, na noite desta terça-feira (9), diminuiu o comprimento da saia já justíssima em que está o comandante da corporação, coronel Osmar Maciel de Oliveira, e, de certa forma, toda a tropa.
Todos os vexames pelos quais passam o comandante são potencializados pela necessidade de se manter em resiliente silêncio e aceitar que ele nada pode fazer a não ser contemplar o presente como resultado de um passado irresponsável, sem vislumbrar a perspectiva de um futuro alentador. A cada vez que matam um policial, um comandante morre asfixiado na impotência à qual o Estado ineficiente lançou a ele e a seus homens.
- O comandante não pode pedir que a tropa tenha otimismo.
- Não pode pedir que reaja.
- Não pode exigir do governador.
- Não pode fazer com que a tropa se insurja contra o governo.
- Não tem ferramentas para equipar seus homens.
- Não pode deixar de ir ao velório do PM que mataram.
- Não pode falar no velório.
- Não pode.
Buscar coragem na deterioração da Polícia Militar, entre coletes vencidos, armas defasadas, viaturas sucateadas, prédios degradados é a única opção que resta. Chegará o dia em que faltarão todos esses elementos. E a coragem não poderá ser mais buscada.
A bravura da Polícia Militar foi empurrada pela falta de investimentos para a forca onde mataram seu patrono, Tiradentes, e resta pouco para abrirem o cadafalso e vermos publicamente a coragem morrer diante de nós.
Cada PM que acorda todos os dias no Rio Grande do Norte tem em si a assombrosa coragem de Tiradentes. Apenas homens profundamente imbuídos de bravura vestem sua farda para lutar uma guerra perdida pela desmoralização que estão impondo à Polícia Militar.
É intolerável lidar com o fato de que terminaremos 2018 com um déficit de 6 mil PMs; que viaturas e motos sequer consigam dar partida e – quando deem partida tenham que permanecer ligadas, sob pena de não voltarem a funcionar. O triunfo da derrota assombra a todos.
Diante de tudo isso, resta ao comandante a autodisciplina do silêncio. É intolerável também. Intolerável um PM em saia justa. Não devem existir opções de indumentárias a um policial militar. A única roupa que lhe cabe é a bravura de sua farda.
Por Dinarte Assunção, via Blog do BG
Foto: Tribuna do Norte
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