Brasília - "Ela vai descobrir que não governa sozinha". A frase resume o clima do jantar que reuniu, na noite de terça-feira (9) a cúpula do PMDB na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Irritados com a prisão de apadrinhados que indicaram para o Ministério do Turismo, no jantar os peemedebistas traçaram uma estratégia: eles pretendem dar um "susto" na presidenta Dilma.
Duas alternativas foram postas na mesa: a mais drástica é dar apoio à criação da CPI da Corrupção, proposta pela oposição; a mais suave é permitir a votação - e a aprovação - de algum projeto que traga fortes prejuízos ao governo. Dois projetos encabeçam essa lista: a emenda 29 - que aumenta o valor dos repasses orçamentários obrigatórios para a área da saúde - e a PEC 300 - que estabelece um piso nacional para policiais e bombeiros tomando como base o que eles ganham no DF. "Isso anda muito ruim. É correto que a presidenta Dilma demonstre preocupação com a corrupção, mas não à custa de nos desmoralizar e nos pintar como corruptos", disse um parlamentar peemedebista, em conversa no jantar que marcou o lançamento do Prêmio Congresso em Foco 2011, antes de sair para a casa de Sarney.
A ideia é criar um grave prejuízo,que mostre a Dilma que ela depende de sua base de sustentação, e não pode manter uma estratégia em que ela se isole das denúncias imolando seus aliados. Tanto a emenda 29 - que tem mais chance de ser posta em votação - quanto a PEC 300, se aprovadas, aumentariam imensamente os gastos do governo, num momento em que é preciso cautela com a situação econômica mundial. Apoiar a instalação da CPI da Corrupção seria o golpe mais duro. Um dos senadores que, na reunião, mostrou mais inclinação a essa hipótese foi Renan Calheiros (PMDB-AL). Por um lado, passaria a sensação de que os peemedebistas não temem a investigação. A ideia, porém, é buscar controlar a investigação para que venha a atingir mais o próprio PT de Dilma e desgaste o governo. Os senadores lembraram, na reunião, casos anteriores de desgaste político provocados por CPIs que investiguem de forma genérica a corrupção, uma vez que elas têm um espectro amplo que permitem que elas se estendam por tempo indefinido. O próprio Sarney lembrou o quanto uma CPI com esse teor ajudou a desgastar sua popularidade quando era presidente. O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) recordou a CPI dos Correios, que investigou o mensalão do PT (na ocasião, Eunício era o ministro das Comunicações).
Os peemedebistas não chegaram a acertar o momento em que darão esse "susto". "Isso vai acontecer na primeira oportunidade que houver", disse uma fonte do partido.
(Por Rudolfo Lago e Fábio Góis, do Congresso em Foco).
Fonte: www.pec300.com
NOTA: Mais uma vez lamentamos o fato que fica claro na matéria transcrita acima, de onde se depreende que a PEC 300 não é uma matéria que conta com o apoio de determinados partidos, mas sim uma matéria que pode ser usada por estes como um aríete para derrubar algumas portas fechadas no Planalto. Ou seja, se essas portas forem abertas e não houver mais a necessidade de derrubá-las, a PEC 300 volta a ser apenas mais um desejo de uma categoria a depender da boa vontade do governo em votá-la. Manter a luta é preciso, até o fim, mas conscientes de que essa, queiramos ou não, é a nossa triste realidade.
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