quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Morte de comerciante revela deficiência no Ciosp

A morte do comerciante Eraldo de Jesus Santos, 43, assassinado na última segunda-feira, 25, próximo à sua casa e ao seu estabelecimento comercial no Centro de Aracaju, repercutiu negativamente para a Secretaria da Segurança Pública de Sergipe e também para a Pólícia Militar.

O fato de o comerciante ter suspeitado da atitude dos bandidos que horas depois tirariam sua vida e de não ter sido atendido pela PM, a quem Eraldo pediu ajuda através do 190, mostrou a gravidade das deficiências ainda existentes no Ciosp (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública).

Atribuir a uma atendente a culpa pela morte do comerciante seria muita crueldade, mas é certo que a falha no atendimento contribuiu para que a ação preventiva da PM não tivesse sido feita da forma devida. Diante da situação, o correto seria enviar uma viatura ao local para averiguar a procedência da denúncia, o que infelizmente não foi feito.

No entanto, é preciso que a SSP avalie até que ponto é viável e tecnicamente correto utilizar os serviços de terceiros em setores fundamentais para a perfeita atuação operacional da PM ou de qualquer outro órgão da segurança pública, bem como se o tipo de treinamento dado aos atendentes terceirizados tem sido adequado.

O atendimento do 190, ao nosso ver, deveria permanecer sob a responsabilidade de policiais militares, assim como o atendimento do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil também deveria permanecer sob os cuidados de seus profissionais.

Não se trata de compactuar com os desvios de função, mesmo porque há funções na atividade meio da PM que exigem a presença de profissionais qualificados, seja pela técnica necessária para o exercício da função, seja pela necessidade de preservação de informações, etc. Se assim não fosse, qual seria a necessidade de a PM ter um quadro específico de especialistas em comunicações?

Ainda sobre desvios de função, há uma grande diferença entre o PM estar no atendimento do 190, recepcionando as ocorrências e transmitindo-as aos seus colegas de serviço nas ruas, e estar por exemplo em uma delegacia no interior, tomando conta muitas vezes sozinho de um prédio e até de presos.

O atendimento do 190 carece de pessoas preparadas para esse tipo de serviço, profissionais que conheçam a rotina operacional da corporação e que saibam distinguir situações, contribuindo para um melhor atendimento à população. Mesmo os PM's devem ser qualificados para realizar esse atendimento, mas a bagagem profissional e o conhecimento técnico certamente fazem diferença.

A título de exemplo, se uma mãe ligar desesperada para o Corpo de Bombeiros pedindo auxílio para salvar um filho que está engasgado, que atendimento seria mais útil, o de um bombeiro ou o de um operador de telemarketing?

O intuito da Asprase diante desse caso não é o de simplesmente criticar a SSP, a PM ou o Ciosp em decorrência do fato ocorrido, mas fazer um alerta e sugerir que se faça uma reflexão sobre a situação exposta, suas causas e consequências, com o objetivo de melhorar o atendimento à população e preservar a imagem da instituição.

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