terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Continuismo e Insatisfação na PRF

Autor: Danilo Ferreira

A Polícia Federal e Rodoviária Federal são consideradas “primas ricas” pelos policiais estaduais, civis e militares. Pelos salários mais dignos que os federais recebem, ocorre de muitos policiais dos estados estudarem para concursos das polícias da União, na tentativa de abandonar a escassez de recursos que as PMs e PCs proporcionam. Iniciativa entendível e natural, afinal, cada qual que procure melhorar sua vida, de forma honesta e sem prejudicar terceiros.

Porém, nem tudo são flores nas co-irmãs federais. Como já disse aqui, salário não é tudo, e existem inúmeros motivos pelos quais profissionais bem remunerados podem se sentir desmotivados e insatisfeitos com suas corporações. É o que parece estar ocorrendo na Polícia Rodoviária Federal, onde há oito anos não ocorre mudança na Direção Geral do DPRF, e mesmo assim o novo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, resolveu manter o Diretor no cargo. Alguns motivos que levam à insatisfação da categoria estão elencados nesta carta enviada por policiais rodoviários federais à Deputada Federal Alice Portugal, Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da PRF:

À Frente Parlamentar em Defesa da PRF,

Nós, Policiais Rodoviários Federais, familiares e amigos desta instituição recebemos consternados a informação de que o Ministro da Justiça decidiu manter a atual direção do Departamento de Polícia Rodoviária Federal.

É do conhecimento desta frente parlamentar a insatisfação da esmagadora maioria dos servidores em relação ao modelo de gerenciamento implantado nos últimos 8 anos pelos inspetores que lá estão.

As viaturas e os postos estão sucateados; o efetivo está mínimo, desmotivado e desvalorizado. Nenhuma outra instituição teve dois concursos seguidos alvos de fraudes, estando um deles ainda se arrastando na justiça há mais de um ano. Isso sem falar na política segregacionista implantada por esta direção, manifestada cabalmente através da criação do antidemocrático SINIPRF(Sindicato dos Inspetores) que veio apenas para enfraquecer a categoria, rachar o nosso maior patrimônio que é o cargo único, e servir de instrumento para manutenção ad eternum daqueles que só buscam o poder pelo poder.

Nos causou grande estranheza o fato da lista tríplice encaminhada a esta frente parlamentar não ter sido considerada. Assinada formalmente por 15 sindicatos, quantidade que representa maioria absoluta, essa foi a forma mais verdadeira e democrática de externar a vontade dos nossos valorosos policiais.

Boatos dão conta que essa lista não teria sido entregue e que isto teria acontecido em virtude de um grupo sindical minoritário aspirar, à total revelia do efetivo, a cadeira da direção geral. É importante que esta frente parlamentar compreenda que projetos pessoais jamais podem se sobrepor ao interesse coletivo da categoria, sob pena de corrermos o risco de se trocarem as pessoas e não se mudarem as atitudes.

Para que não pairem dúvidas e não se dê margem aos boatos, solicitamos a informação da DATA em que a lista tríplice foi formalmente entregue ao Governo Federal, conforme foi solicitado pelos legítimos representantes da nossa categoria.

Por fim, reafirmamos que a verdadeira voz da Polícia Rodoviária Federal está nos postos, nas delegacias, nas salas das superintendências, onde policiais extremamente vocacionados esperam ansiosamente a oportunidade de desenvolver seus trabalhos de forma satisfatória, pois prestar uma segurança pública de qualidade nas rodovias federais é nossa maior missão e é o que toda sociedade brasileira espera de nós.

O pleito dos Rodoviários Federais, que nos mandaram alguns email’s solicitando esta postagem, me parece razoável, salvo qualquer desconhecimento do ambiente político na instituição que por ventura me acometa. Mobilizações já estão sendo agendadas para demonstrar a insatisfação da classe, que diferentemente das polícias militares podem realizar movimentos grevistas.

Esperamos que tudo se resolva, pois a PRF é uma instituição fundamental no sistema de segurança pública brasileiro. Com desmotivação e má gestão, mesmo a mais bem remunerada corporação nunca conseguirá desenvolver seus serviços.

Fonte: Abordagem Policial

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