sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Presidente do Sinpol sentencia: “95% da demanda da Polícia Civil fica à revelia”

“A população não entende porque as polícias são bem remuneradas, mas não garantem segurança”

Antônio Moraes e Joedson Teles

Por Joedson Telles

Depois de denunciar aqui no Universo Político.com que há na Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) uma "casta" formada por um pequeno grupo de delegados - que se perpetuam no poder à custa de troca de favores (alguns com vencimentos acima do teto permitido)-, observar ser inconstitucional a prática de incorporações de gratificações por ocupação de cargos comissionados na cúpula da Secretaria e ainda assegurar que o governador Marcelo Déda (PT) desconhece os bastidores da SSP, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Sergipe (Sinpol) - Antônio Moraes - voltou a colocar o dedo na ferida. Segundo ele, é preciso "refundar" a Polícia Civil de Sergipe. "Hoje vivemos de operações midiáticas com nomes engraçados. São operações que têm efeitos, resultados, mas que correspondem a apenas 5% de toda demanda, de todo o trabalho da Polícia Civil. Os outros 95% ficam à revelia. Precisamos reestruturar a polícia para termos mais eficiência", assegurou.

Segundo Antônio Moraes, a polícia ainda consegue dar respostas à sociedade quando acontece um homicídio, por exemplo. A grande demanda que chega às delegacias todos os dias, entretanto, fica sem resposta. "Uma investigação de um arrombamento de uma casa não acontece. Quem já viu falar em algum crime, em alguma região, onde foi desvendado e se tenha recuperado os objetos? Sou policial há mais de 10 anos, mas nunca tive informação. Há uma grande demanda de serviços de investigação nos bairros que não vai a cabo porque a nossa estrutura atual não permite. Não precisamos de uma enxurrada de novos policiais. Precisamos reorganizar o nosso aparelho policial, para otimizar nossa prestação de serviço. Precisamos deixar a população mais segura e mais confiante na polícia, para que traga informações que ajudarão a Polícia Civil. Sem isso (a reorganização) fica difícil qualquer projeto dar certo", afirma Moraes, assegurado que tentará levar o problema ao conhecimento do governador.

Redimensionar a polícia

De acordo com Antônio Moraes, atualmente a Polícia Civil está dividida entre o interior do estado e a capital, e realiza em toda área geográfica o mesmo trabalho: ao mesmo tempo, atende ao público e investiga os delitos. "O Sinpol quer discutir com o governador, o secretário de Segurança Pública (João Eloy) e o superintendente da PC (João Batista) a necessidade de redimensionar a polícia: passarmos a ter um Departamento de Polícia Civil Comunitária e um Departamento de Polícia Civil Especializada. O primeiro será o maior. Basta usar as unidades de polícia já existentes, as delegacias. Isso para registro de B.O. (Boletim de Ocorrência), Termos Circunstanciados e prisões em flagrantes. O outro departamento ficaria somente para investigação", explicou.

Segundo Antônio Moraes, atualmente a Polícia Civil de Sergipe vive de operações midiáticas, e até a Polícia Militar estaria aderindo "à moda". Segundo ele, em certos momentos há inversão de papéis. "A PM, volta e meia, faz apreensão de drogas. A Polícia Civil agora faz blitz. Todo mundo quer fazer tudo, e ninguém faz nada. Uma polícia caótica. Um estado de caos que traz insegurança à população, que não entende porque as polícias são bem remuneradas, mas não garantem segurança. Temos que ‘refundar' a polícia", ratificou.

Fonte: Universo Político.com

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