Os governantes já nos deram provas suficientes de que não são receptivos ao bom senso. Acumular poucas pessoas, ir às ruas, dar gritos espaços, são o tipo de atitude que surtiria efeitos em tempos recém-democráticos, onde, para que o povo pudesse ludibriar-se achando que era também parte ativa no processo político, os nossos gestores o atendia e trabalhavam de acordo com a sua vontade. Hoje, meus caros, os tempos são outros. Não querendo ser pessimista em relação às medidas adotadas pelo movimento, acho válido admitir que os rumos deste não podem ser traçados por um séquito, quando temos uma população, na qual são presentes estudantes tanto quanto nós, dependente daquilo por que brigamos recolhida ao silêncio e à passividade. Se a unidade revoltosa não é concisa, mas dispersa e em número pouco convincente, não é da alçada dos mínimos que se juntaram a ela o poder de manipulação daqueles que, desde o início, foram alheios e que não estiveram nem aí. A vontade, nesse caso, decorre da consciência, e se o trabalhador, em vista de saber-se vítima mais uma vez não faz nada, quem somos nós para tomar em punho, isoladamente, uma briga que deveria ser de todos? Partamos para as atitudes mais pontuais, para a anarquia, sejamos tolhidos - mártires para nós mesmos -, e o que a população, desde o começo insensível à nossa causa, fará por nós? Irá às ruas para que não sejamos vilipendiados, como sempre acontece, pela justiça? Ninguém fará isso por nós. A meu ver, desculpem-me, é tudo muito claro. O erro da passagem ter aumentado, em caso de malogro das nossas atitudes mais sérias perante isso, só viria a ser recrudescido na possibilidade de sermos tolhidos pelo poder estabelecido em razão dessas ações mais rigorosas.
O DCE da UFS, a exemplo de boa parte dos DCE's espalhados pelo Brasil, quanto aos problemas mais urgentes que envolvem os interesses estudantis, utiliza-se, como desculpa à irresponsabilidade de sempre estarem desprevenidos e de serem sempre pegos de surpresa (como se isso fosse verdade), a retórica, técnicas discursivas para redobrar o aluno indignado com o preço da passagem e que ontem, em tempos de eleição, lhe apoiou. Um dos seus líderes tem bradado que, por todos estarem no congresso nacional da UNE, nada poderiam fazer pelo aumento, posto que, além de não terem ficado sabendo anteriormente dele, a distância também os impossibilitava a ação. Quase convincentes são as desculpas dadas, mas, para quem se põe como parte ativa no que envolve tanto os problemas da universidade como os da comunidade em que ela está inserida, é insuficiente para que conjuremos, finalmente, a justiça e nos abstenhamos de criticá-los.
Outro membro da chapa que compõe o DCE disse-me do Movimento Não Pago, do qual tenho participado seja nas discussões ou nas ruas, ser um grupo formado por poseres preocupados em fazer frente, quando das eleições tanto para reitor quanto para DCE, ao grupo que lhes faz oposição (a UJS, no caso), utilizando-se dessas manifestações para declararem hegemonia perante eles. Ora, tanto melhor que a disputa do DCE da UFS sirva de arena onde se balanceiam as atitudes tomadas, por cada entidade que o pretende, aquém dos muros da universidade. Se temos uma entidade que se vale das suas lutas contra os disparates sociais para declarar soberania perante outra que só aparece em época de eleição, de sala em sala, para conquistar os votos da comunidade estudantil, ruim para quem elege essa última. Antes fosse decidida toda sorte de eleições assim, pois o que estaria se levando em consideração, na hora de se eleger determinado candidato, seria o que ele fez, o quanto de forças despendeu para que o bem-estar do povo ficasse em primeiro lugar, e não quem ele é e a família de que é filho.
Desse modo, acho fundamental que a discussão sobre a passagem sirva de pauta ao longo do ano. Se nos prostramos desatentos, mesmo sabendo que o seu reajuste tem caráter anual, levaremos, quantas vezes forem possíveis, a punhalada que já estamos levando pelas costas: pagar 2,25 para andar nessas latas de sardinha.
Escritor: João Paulo dos Santos
João Paulo é estudante de Letras da Universidade Federal de Sergipe, escritor e poeta
http://escritosdocolera.blogspot.com/
O DCE da UFS, a exemplo de boa parte dos DCE's espalhados pelo Brasil, quanto aos problemas mais urgentes que envolvem os interesses estudantis, utiliza-se, como desculpa à irresponsabilidade de sempre estarem desprevenidos e de serem sempre pegos de surpresa (como se isso fosse verdade), a retórica, técnicas discursivas para redobrar o aluno indignado com o preço da passagem e que ontem, em tempos de eleição, lhe apoiou. Um dos seus líderes tem bradado que, por todos estarem no congresso nacional da UNE, nada poderiam fazer pelo aumento, posto que, além de não terem ficado sabendo anteriormente dele, a distância também os impossibilitava a ação. Quase convincentes são as desculpas dadas, mas, para quem se põe como parte ativa no que envolve tanto os problemas da universidade como os da comunidade em que ela está inserida, é insuficiente para que conjuremos, finalmente, a justiça e nos abstenhamos de criticá-los.
Outro membro da chapa que compõe o DCE disse-me do Movimento Não Pago, do qual tenho participado seja nas discussões ou nas ruas, ser um grupo formado por poseres preocupados em fazer frente, quando das eleições tanto para reitor quanto para DCE, ao grupo que lhes faz oposição (a UJS, no caso), utilizando-se dessas manifestações para declararem hegemonia perante eles. Ora, tanto melhor que a disputa do DCE da UFS sirva de arena onde se balanceiam as atitudes tomadas, por cada entidade que o pretende, aquém dos muros da universidade. Se temos uma entidade que se vale das suas lutas contra os disparates sociais para declarar soberania perante outra que só aparece em época de eleição, de sala em sala, para conquistar os votos da comunidade estudantil, ruim para quem elege essa última. Antes fosse decidida toda sorte de eleições assim, pois o que estaria se levando em consideração, na hora de se eleger determinado candidato, seria o que ele fez, o quanto de forças despendeu para que o bem-estar do povo ficasse em primeiro lugar, e não quem ele é e a família de que é filho.
Desse modo, acho fundamental que a discussão sobre a passagem sirva de pauta ao longo do ano. Se nos prostramos desatentos, mesmo sabendo que o seu reajuste tem caráter anual, levaremos, quantas vezes forem possíveis, a punhalada que já estamos levando pelas costas: pagar 2,25 para andar nessas latas de sardinha.
Escritor: João Paulo dos Santos
João Paulo é estudante de Letras da Universidade Federal de Sergipe, escritor e poeta
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