Há pelo menos 500 PMs em desvio de função em Sergipe. Isso tem sido denunciado com muita frequência.
Por Eugênio Nascimento
As distorções nos valores das diárias, uso de militares à disposição de delegados e atuando sem a obrigatoriedade do fardamento, a rebeldia da tropa e a falta de comando no aparelho da Segurança Pública tem aprofundado a crise e levado a Polícia Militar a um total descontrole do Estado. Há pelo menos 500 PMs em desvio de função em Sergipe. Isso tem sido denunciado com muita frequência.
Nesta semana de Pré-Caju, descobriu-se mais uma irregularidade no uso da mão-de-obra da PM, que já tem parte de seu parco efetivo cedido para os Tribunais de Justiça e de Contas, Assembleia Legislativa e segurança pessoal de políticos, entre os quais ex-governadores e ainda atuando em secretarias estaduais na segurança e/ou como motoristas. Mais de 200 policiais militares estão à disposição da Polícia Civil.
Esses mais de 200 PMs trabalham a paisana, à disposição da SSP, ou seja, da Polícia Civil, que também tem uma estrutura pequena. O fato veio à tona por conta de ações dos militares em boicote ao trabalho no Pré-Caju. A descoberta aconteceu porque a superintendente da PC, Katarina Feitoza, determinou aos delegados, que possuem PMs a sua disposição, que os apresentassem devidamente fardados para trabalhar todos os dias da prévia carnavalesca “sob pena de retorno do mesmo às atividades da Polícia Militar”.
Num expresso livre emitido por Diogo Henrique D. de Araújo, assessor do Comando de Policiamento Militar da Capital (CPMC), a convocação foi feita. Mas aí descobriu-se um outro problema: nem todos os PMs à disposição da PC possuem uniformes, pois alguns estão disponibilizados há cerca de 20 anos, como foi o caso do sargento preso na Bahia sob a acusação de tráfico armas para alguns ciganos. Esse sargento, em especial, está à disposição do delegado João Eloy há quase 20 anos.
Militares de elevadas patentes dizem que a falta de gestão na SSP é tão gritante que em menos de uma semana tiveram que fazer licenciamento e emplacamento de viaturas da Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, Criminalística, IML e Instituto de Identificação. Ocorre frequentemente a falta de gasolina. PMS à disposição de delegados, enquanto a sociedade clama por mais segurança. Isso tudo sem levar em conta que, especificamente no Pré-Caju, um policial civil ganha pouco mais de R$ 300 por noite trabalhada, um soldado menos de R$ 80, um delegado cerca de R$ 1 mil e um coronel menos de R$ 400.
São essas e outras distorções que ampliam a crise na corporação e oferecem condições propícias para que a rebeldia se fortaleça.
Fonte: Jornal da Cidade
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