Mandado determina que Jeoás seja transferido
Andrey Ricardo - da Redação
O presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS) da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, cabo Jeoás Nascimento dos Santos, é um dos policiais que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça da Bahia, no sábado passado, 4. A Polícia Militar baiana está em greve desde o dia 31 do mês passado e 11 policiais, apontados como líderes do movimento, tiveram a prisão decretada. Jeoás estava na Bahia, representando a Associação Nacional de Praças da PM, e por isso foi envolvido. Ontem o Comando da Polícia Militar no RN cumpriu o mandado de prisão contra o cabo.
Jeoás é o presidente da entidade que representa os cabos e soldados da PM no RN e ocupa ainda o cargo de vice-presidente da Associação Nacional dos Praças (Anaspra). Logo após a deflagração do movimento grevista, ele desembarcou na Bahia e esteve junto dos líderes locais. Segundo o governo baiano, Jeoás e mais 10 militares, a maior parte deles membros de entidades representativas da Polícia Militar no Estado, são acusados de formação de quadrilha. Jeoás voltou da Bahia no sábado passado, justamente quando o Governo anunciou que cumpriria as 11 ordens de prisão.
Por volta das 12h do domingo passado, 40 homens do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, equipe considerada elite da PF, desembarcaram em Salvador. Eles foram enviados pelo Ministério da Justiça especificamente para prender o presidente da Associação de Cabos e Soldados do RN e os outros líderes do movimento paredista. No entanto, apenas o dirigente da Associação dos Policiais e Bombeiros (ASPRA) da Bahia, Alvir dos Santos Silva, estava preso até ontem. Além de formação de quadrilha, é acusado de furtar uma viatura e está na sede do Exército, na capital.
Segundo as leis brasileiras, Jeoás só pode ser preso no Rio Grande do Norte após o encaminhamento de um documento feito pela Justiça da Bahia à Justiça do RN. É preciso comunicar oficialmente que ele é considerado foragido da Justiça baiana para que a ordem seja cumprida pelas forças policiais potiguares. Se a prisão fosse determinada pela Justiça Federal, não haveria necessidade de realizar tais trâmites. Até ontem à tarde, Jeoás ainda aguardava uma resposta da assessoria jurídica da Associação Nacional de Praças para definir o que fazer. Ele afirma que continua trabalhando no RN. Jeoás adiantou que a associação vai tentar reverter a decisão judicial e que não sabe o motivo de estar sendo considerado foragido da Justiça baiana. Jeoás ficou na Bahia até sábado, quando voltou ao RN. Ele alega motivos familiares para o seu retorno e que soube da ordem de prisão só ontem à tarde, negando que tenha saído da Bahia para fugir da prisão. "Estou à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento e vou entrar com uma ação para tentar desfazer esse mandado de prisão. Ele não faz sentido", disse.
Sindicalista do RN propõe greve nacional
O presidente da associação local e vice-presidente da entidade nacional, Jeoás Nascimento, atuou diretamente no comando de greve da Bahia e defendeu durante os últimos dias a bandeira de uma greve nacional, envolvendo a Polícia Militar de todos os estados brasileiros.
Através de sua conta no Twitter, rede social de relacionamento pela internet, o militar destacou ao longo dos últimos dias a importância de haver uma mobilização nacional.
Em uma das postagens, Jeoás afirma que a Associação Nacional dos Praças, entidade que ele ocupa o cargo de vice-presidente, convoca todas as associações que representam a PM, no Brasil, para irem a Salvador e ajudar na negociação. "Estamos convocando todas as Associações do Brasil a se deslocarem a Salvador. Pode virar greve geral no Brasil", disse o militar através da rede, propondo que seus aproximadamente 1000 seguidores (pessoas que participam do seu perfil na internet) divulguem a ideia de uma greve nacional.
Ontem ele anunciou que voltaria à Bahia, provavelmente antes de saber da ordem de prisão expedida contra ele. "Vamos organizar um dia de luta nacional. Policiais Militares clamam por dignidade, valorização e respeito. Amanhã (07) reunião em salvador", disse.
"Negociação no RN foi mais fácil"
Jeoás Nascimento foi um dos negociadores da Polícia Militar durante a última greve da categoria que conseguiu o aumento salarial, previsto para julho deste ano. A greve foi feita no fim do ano passado. Experiente em negociações entre policiais militares e representantes de governos estaduais, Jeoás avalia que a negociação no RN foi mais fácil do que essa que ocorre na Bahia.
Na Bahia, o Governo do Estado ofereceu um aumento de 6% aos policiais, mas disse que só iniciaria a negociação com o fim da paralisação, que atinge praticamente todo o Estado. A categoria tem criticado bastante o posicionamento do Governo regido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), julgando ser uma medida rígida.
Jeoás compara com o Governo do RN, cujo partido é o Democratas (DEM). "No ano passado, foi feito um movimento de três dias, segurança com segurança, e o Governo do RN adotou uma postura que abriu canal de negociação, chegando a um termo", compara Jeoás. "O Governo do RN foi, com certeza, bem mais maleável. Isso é o que nós esperávamos na Bahia, que tivesse essa postura de dialogar, negociar, para que nós pudéssemos valorizar esses homens e mulheres que arriscam suas vidas para defender a vida e a liberdade da população", complementa.
O presidente da ACS no RN disse que foi pego de surpresa com a ordem de prisão e, principalmente, com o comportamento adotado pelo Governo do PT na Bahia. "No Pará, passamos 18 horas na mesa de negociação e em menos de um dia a greve foi encerrada, chegando a um consenso entre os policiais e representantes do Governo", cita.
"Sempre votei no PT, em toda minha vida, mas eles adotaram uma postura atípica na Bahia", finaliza o sindicalista.
Confrontos deixam seis feridos
Salvador (AE) - Os cerca de 300 policiais militares que acampam na Assembleia Legislativa com os familiares desde a terça-feira (31), quando teve início a paralisação parcial da PM na Bahia, estão cercados, por cordões de isolamento formados por militares do Exército ao redor do prédio. Até agora, foram registrados três pequenos confrontos entre as partes, quando foram lançadas bombas de efeito moral e disparados tiros com balas de borracha. Seis pessoas ficaram feridas, mas sem gravidade. Entre elas, está um cinegrafista da Rede Bandeirantes, que sofreu sangramento nasal depois de uma bomba de efeito moral explodir a menos de dois metros dele, e um fotógrafo da Secretaria de Comunicação do Governo, atingido com uma bala de borracha no braço. Uma mulher grávida de 4 meses passou mal.
Ernesto Rodrigues/AE Policiais grevistas e a força de segurança entraram em confronto, em frente à Assembleia Legislativa
O cerco teve início na madrugada de ontem, com os cortes no fornecimento de energia elétrica e de água para o prédio. Equipes do Exército, em carros e helicópteros, monitoravam a área. Os policiais grevistas, armados, foram divididos em equipes para vigiar a movimentação nos arredores e ficaram de prontidão durante toda a madrugada para uma eventual invasão do Exército no local. Por volta das 5 horas, os grevistas afastaram os profissionais de imprensa que estavam no local e iniciaram a movimentação para tentar bloquear o acesso principal ao Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde está a Assembleia. A movimentação foi a justificativa para a entrada de 600 integrantes das tropas do Exército no local, por volta das 6 horas. O primeiro conflito ocorreu às 7h30, quando um grupo, que tentava levar mantimentos aos amotinados, foi impedido pelas forças federais. Houve revolta por parte do grupo, que dizia ser de familiares dos grevistas. Balas de borracha foram disparados contra o chão - uma delas atingiu o pé de um integrante do grupo
Ao longo da manhã, mais militares chegaram ao local - ao fim, havia 1.050 homens do Exército nos arredores da Assembleia. Um grupo de 20 homens do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (PF) também foi ao local, na tentativa de cumprir os 11 mandados de prisão expedidos pela Justiça baiana contra os líderes grevistas que continuam em aberto. Segundo o comando da greve, porém, nove dos foragidos deixaram a Assembleia ainda na noite de ontem. Eles teriam viajado para o interior durante a madrugada. Cerca de 500 policiais simpatizantes do movimento grevista também chegaram ao local e foram impedidos de entrar na Assembleia.
Fonte: Tribuna do Norte
O presidente da Associação de Cabos e Soldados (ACS) da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, cabo Jeoás Nascimento dos Santos, é um dos policiais que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça da Bahia, no sábado passado, 4. A Polícia Militar baiana está em greve desde o dia 31 do mês passado e 11 policiais, apontados como líderes do movimento, tiveram a prisão decretada. Jeoás estava na Bahia, representando a Associação Nacional de Praças da PM, e por isso foi envolvido. Ontem o Comando da Polícia Militar no RN cumpriu o mandado de prisão contra o cabo.
Jeoás é o presidente da entidade que representa os cabos e soldados da PM no RN e ocupa ainda o cargo de vice-presidente da Associação Nacional dos Praças (Anaspra). Logo após a deflagração do movimento grevista, ele desembarcou na Bahia e esteve junto dos líderes locais. Segundo o governo baiano, Jeoás e mais 10 militares, a maior parte deles membros de entidades representativas da Polícia Militar no Estado, são acusados de formação de quadrilha. Jeoás voltou da Bahia no sábado passado, justamente quando o Governo anunciou que cumpriria as 11 ordens de prisão.
Por volta das 12h do domingo passado, 40 homens do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, equipe considerada elite da PF, desembarcaram em Salvador. Eles foram enviados pelo Ministério da Justiça especificamente para prender o presidente da Associação de Cabos e Soldados do RN e os outros líderes do movimento paredista. No entanto, apenas o dirigente da Associação dos Policiais e Bombeiros (ASPRA) da Bahia, Alvir dos Santos Silva, estava preso até ontem. Além de formação de quadrilha, é acusado de furtar uma viatura e está na sede do Exército, na capital.
Segundo as leis brasileiras, Jeoás só pode ser preso no Rio Grande do Norte após o encaminhamento de um documento feito pela Justiça da Bahia à Justiça do RN. É preciso comunicar oficialmente que ele é considerado foragido da Justiça baiana para que a ordem seja cumprida pelas forças policiais potiguares. Se a prisão fosse determinada pela Justiça Federal, não haveria necessidade de realizar tais trâmites. Até ontem à tarde, Jeoás ainda aguardava uma resposta da assessoria jurídica da Associação Nacional de Praças para definir o que fazer. Ele afirma que continua trabalhando no RN. Jeoás adiantou que a associação vai tentar reverter a decisão judicial e que não sabe o motivo de estar sendo considerado foragido da Justiça baiana. Jeoás ficou na Bahia até sábado, quando voltou ao RN. Ele alega motivos familiares para o seu retorno e que soube da ordem de prisão só ontem à tarde, negando que tenha saído da Bahia para fugir da prisão. "Estou à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento e vou entrar com uma ação para tentar desfazer esse mandado de prisão. Ele não faz sentido", disse.
Sindicalista do RN propõe greve nacional
O presidente da associação local e vice-presidente da entidade nacional, Jeoás Nascimento, atuou diretamente no comando de greve da Bahia e defendeu durante os últimos dias a bandeira de uma greve nacional, envolvendo a Polícia Militar de todos os estados brasileiros.
Através de sua conta no Twitter, rede social de relacionamento pela internet, o militar destacou ao longo dos últimos dias a importância de haver uma mobilização nacional.
Em uma das postagens, Jeoás afirma que a Associação Nacional dos Praças, entidade que ele ocupa o cargo de vice-presidente, convoca todas as associações que representam a PM, no Brasil, para irem a Salvador e ajudar na negociação. "Estamos convocando todas as Associações do Brasil a se deslocarem a Salvador. Pode virar greve geral no Brasil", disse o militar através da rede, propondo que seus aproximadamente 1000 seguidores (pessoas que participam do seu perfil na internet) divulguem a ideia de uma greve nacional.
Ontem ele anunciou que voltaria à Bahia, provavelmente antes de saber da ordem de prisão expedida contra ele. "Vamos organizar um dia de luta nacional. Policiais Militares clamam por dignidade, valorização e respeito. Amanhã (07) reunião em salvador", disse.
"Negociação no RN foi mais fácil"
Jeoás Nascimento foi um dos negociadores da Polícia Militar durante a última greve da categoria que conseguiu o aumento salarial, previsto para julho deste ano. A greve foi feita no fim do ano passado. Experiente em negociações entre policiais militares e representantes de governos estaduais, Jeoás avalia que a negociação no RN foi mais fácil do que essa que ocorre na Bahia.
Na Bahia, o Governo do Estado ofereceu um aumento de 6% aos policiais, mas disse que só iniciaria a negociação com o fim da paralisação, que atinge praticamente todo o Estado. A categoria tem criticado bastante o posicionamento do Governo regido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), julgando ser uma medida rígida.
Jeoás compara com o Governo do RN, cujo partido é o Democratas (DEM). "No ano passado, foi feito um movimento de três dias, segurança com segurança, e o Governo do RN adotou uma postura que abriu canal de negociação, chegando a um termo", compara Jeoás. "O Governo do RN foi, com certeza, bem mais maleável. Isso é o que nós esperávamos na Bahia, que tivesse essa postura de dialogar, negociar, para que nós pudéssemos valorizar esses homens e mulheres que arriscam suas vidas para defender a vida e a liberdade da população", complementa.
O presidente da ACS no RN disse que foi pego de surpresa com a ordem de prisão e, principalmente, com o comportamento adotado pelo Governo do PT na Bahia. "No Pará, passamos 18 horas na mesa de negociação e em menos de um dia a greve foi encerrada, chegando a um consenso entre os policiais e representantes do Governo", cita.
"Sempre votei no PT, em toda minha vida, mas eles adotaram uma postura atípica na Bahia", finaliza o sindicalista.
Confrontos deixam seis feridos
Salvador (AE) - Os cerca de 300 policiais militares que acampam na Assembleia Legislativa com os familiares desde a terça-feira (31), quando teve início a paralisação parcial da PM na Bahia, estão cercados, por cordões de isolamento formados por militares do Exército ao redor do prédio. Até agora, foram registrados três pequenos confrontos entre as partes, quando foram lançadas bombas de efeito moral e disparados tiros com balas de borracha. Seis pessoas ficaram feridas, mas sem gravidade. Entre elas, está um cinegrafista da Rede Bandeirantes, que sofreu sangramento nasal depois de uma bomba de efeito moral explodir a menos de dois metros dele, e um fotógrafo da Secretaria de Comunicação do Governo, atingido com uma bala de borracha no braço. Uma mulher grávida de 4 meses passou mal.
Ernesto Rodrigues/AE Policiais grevistas e a força de segurança entraram em confronto, em frente à Assembleia Legislativa
O cerco teve início na madrugada de ontem, com os cortes no fornecimento de energia elétrica e de água para o prédio. Equipes do Exército, em carros e helicópteros, monitoravam a área. Os policiais grevistas, armados, foram divididos em equipes para vigiar a movimentação nos arredores e ficaram de prontidão durante toda a madrugada para uma eventual invasão do Exército no local. Por volta das 5 horas, os grevistas afastaram os profissionais de imprensa que estavam no local e iniciaram a movimentação para tentar bloquear o acesso principal ao Centro Administrativo da Bahia (CAB), onde está a Assembleia. A movimentação foi a justificativa para a entrada de 600 integrantes das tropas do Exército no local, por volta das 6 horas. O primeiro conflito ocorreu às 7h30, quando um grupo, que tentava levar mantimentos aos amotinados, foi impedido pelas forças federais. Houve revolta por parte do grupo, que dizia ser de familiares dos grevistas. Balas de borracha foram disparados contra o chão - uma delas atingiu o pé de um integrante do grupo
Ao longo da manhã, mais militares chegaram ao local - ao fim, havia 1.050 homens do Exército nos arredores da Assembleia. Um grupo de 20 homens do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (PF) também foi ao local, na tentativa de cumprir os 11 mandados de prisão expedidos pela Justiça baiana contra os líderes grevistas que continuam em aberto. Segundo o comando da greve, porém, nove dos foragidos deixaram a Assembleia ainda na noite de ontem. Eles teriam viajado para o interior durante a madrugada. Cerca de 500 policiais simpatizantes do movimento grevista também chegaram ao local e foram impedidos de entrar na Assembleia.
Fonte: Tribuna do Norte
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