sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Depois de morte de recruta, PM anuncia a criação de protocolos sobre o calor

Uma semana depois de um treinamento no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) terminar com 33 dos 490 alunos da 5ª Companhia Alfa em atendimento médico — incluindo Paulo Aparecido Santos de Lima, que teve morte cerebral — a Polícia Militar anunciou que irá implementar novas regras aos cursos.

— Vamos desenvolver protocolos para que, em dias que seja constatado calor intenso, as instruções externas que exijam esforço físico ocorram de manhã cedo ou a tarde, justamente para evitar problemas como hipertermia ou temperatura — informou o diretor de Ensino da corporação, coronel Antônio Carlos Carballo Blanco.

De acordo com o coronel, o caso, que está sendo investigado por um Inquérito Policial Militar (IPM), deve ser avalido sobre três aspectos:

- Existem pelo menos três variáveis neste caso. A primeira é o processo histórico que está por trás, a questão ideológica. A Polícia Militar sempre baseou suas ações no paradigma militarista. Ou seja, você subordina uma ideia de proteção a um conceito superior de força. Cultural e tradicionalmente, a organização policial sempre se comportou assim. Mas isso está sendo modificado. O que está sendo apurado é se houve maus tratos, trotes, humilhação. Não sabemos se isso aconteceu, mas faz parte de um processo histórico. Dentro da nossa cultural, isso faz com que o policial seja comparado com uma espécie de Super Homem. 
 
Então muitos projetos educativos se baseiam nessa visão de mundo. Nas Forças Armadas, é normal ouvir: “O militar é superior ao tempo”. A segunda é a questão do clima, que atingiu a temperatura de 42º e sensação térmica de mais de 50º naquele dia. A terceira variável tem a ver com os processos internos de formação. Eu não vejo de forma clara se houve efetivamente algum tipo de abuso. O modelo de levar os policiais para suportar as agressões do meio externo é intelectualmente honesto, não é mal intencionado, mas a gente sabe que se essa variável preponderou para esse tipo de ocorrência, a tendência do policial quando se relacionar com a comunidade é banalizar esse comportamento e reproduzir isso ao público.

Ainda segundo o coronel, a partir de agora, serão criadas regras para evitar que situações como a da terça-feira da semana passada, dia 12 de novembro, se repita:

- Agora, fica a lição para estabelecermos um protocolo, um padrão de comportamento para essas condições de temperaturas atípicas, que podem afetar. Sabemos que cada pessoa tem capacidade diferente, seja em relação ao frio, ao calor. A gente tem um universo de 490, em que 12% manifestaram reações. Mas poderia ser evitado? Poderia, sim.

Fonte: Extra/O Globo

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