domingo, 22 de fevereiro de 2015

Presidente da Aspra/SE lamenta silêncio de entidades defensoras dos Direitos Humanos sobre morte do Sargento André Nascimento.

Sargento André Nascimento participando do Movimento Polícia Legal.

Ainda consternado com a morte trágica do colega de farda e companheiro de luta, sargento André Nascimento, ocorrida na noite da última sexta-feira, 20, quando o policial foi vítima de homicídio ao reagir a uma tentativa de assalto a um posto de combustíveis no povoado Jatobá, na Barra dos Coqueiros, o presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Sergipe (Aspra/SE), sargento Anderson Araújo, lamentou neste domingo o silêncio das várias entidades defensoras dos Direitos Humanos (DH) sobre a morte do policial militar.

Na opinião do sargento Araújo, se o fato tivesse um fim diferente, com o policial vitimando os dois bandidos na tentativa de assalto, certamente vários defensores dos Direitos Humanos já teriam se manifestado pedindo uma apuração rigorosa do caso, no intuito de defender os direitos dos ditos "cidadãos infratores". "Estive no velório e no sepultamento do sargento André. Conversei com a família e coloquei a Aspra/SE à disposição deles para o que precisarem. Em nenhum momento tomei conhecimento da presença de nenhum defensor dos Direitos Humanos por lá, o que é lamentável. Depois dizem que policial não gosta de Direitos Humanos, o que é uma inverdade. O que não gostamos é da forma como aqueles que se dizem defensores dos DH se comportam quando somos vítimas e quando somos acusados. Se somos vítimas, parecem não tomar conhecimento de nada do que aconteceu, se somos acusados são os primeiros a aparecer e se manifestar pedindo apuração e punição rigorosas para os policiais acusados de algum fato delituoso. É isso que não entendemos, o porquê dessa diferença de atitude, já que a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que todos são iguais em dignidade e direitos, sem distinção de qualquer espécie. Então por que quando um policial é vítima ninguém fica indignado, ninguém cobra providências, ninguém faz ato público ou se manifesta na imprensa, a não ser os próprios colegas e familiares? Gostaríamos muito que os defensores dos DH tivessem esse tipo de comportamento também quando somos vítimas, afinal, além do policial vitimado existe também a sua família, que num momento como este precisa de todo apoio possível. Vamos oficiar a OAB/SE sobre este caso", declarou indignado o sargento Araújo.

"Quanto ao nosso colega André não nos resta muito a fazer, a não ser orar por ele e por sua família, e cobrar a elucidação completa das circunstâncias que resultaram em sua morte e que se tomem as providências quanto aos delinquentes que cometeream tal atrocidade. Ademais precisamos que haja uma mudança de atitude dos governantes, das autoridades em geral e até mesmo das entidades de Direitos Humanos. Não podemos aceitar nem permitir que agentes imbuídos do dever de proteger a sociedade estejam tão vulneráveis à ação dos criminosos e que, ao se tornarem vítimas, fique tudo por isso mesmo. Precisamos de leis mais rígidas contra os criminosos e de mais rigor no cumprimento destas mesmas leis. Precisamos dar ao policial a sensação de segurança para exercer sua função, para que este também possa transmitir segurança à sociedade. Em uma sociedade em que o policial se sente inseguro, pergunto: como se sente então o cidadão comum?", disse o presidente da Aspra/SE.

A morte de André Nascimento é lamentável por diversos motivos. Não se tratava apenas de um bom amigo, um bom colega de profissão, um excelente e comprometido profissional que já havia dedicado 30 anos de sua vida ao serviço na Polícia Militar e se encontrava às vésperas de requerer sua merecida aposentadoria. Tratava-se também de um homem inquieto, que buscava os seus direitos enquanto cidadão e lutava em defesa dos direitos da sua categoria, mesmo antes de se tornar dirigente de uma associação classista. Não tiraram de nós apenas um policial militar, calaram também uma voz que por diversas vezes se ergueu em defesa dos colegas policiais e bombeiros militares. Lamentavelmente, não ouviremos mais as participações de André nos programas de rádio nem em nossas manifestações futuras.

Reconhecimento

Se por um lado nenhum defensor dos Direitos Humanos se apresentou para manifestar apoio e solidariedade à família do sargento André Nascimento e aos seu colegas de trabalho, por outro o novo Secretário de Segurança Pública, Mendonça Prado, se fez presente tanto no velório do militar quanto em seu sepultamento, fato louvável, observado e reconhecido pela família, amigos e pelos policiais presentes. Para o sargento Araújo a presença do secretário tem um grande significado para a categoria, pois demonstra o seu comprometimento com a pasta e com os seus servidores. Durante o sepultamento, Mendonça ouviu da filha do sargento André o pedido de que não deixe a morte do seu pai impune. Também o presidente da Aspra/SE, em conversa pessoal com o secretário, pediu-lhe empenho para elucidar a morte do sargento André, da mesma forma como foi prometido empenho sobre o caso do advogado Sérgio Aragão, a pedido da OAB/SE. Araújo sugeriu ainda que Mendonça estude com carinho a possibilidade de reestruturar o policiamento comunitário em Sergipe, de modo que a polícia atue mais preventivamente e não apenas na repressão ao crime.

Homenagem

Por uma triste coincidência, está programado para acontecer na Câmara dos Deputados em Brasília/DF, na próxima quarta-feira, 20, um ato público em homenagem aos policiais mortos em razão de sua profissão. O ato está sendo organizado pela Associação Nacional de Praças (Anaspra) e pelo Deputado Federal Subtenente Gonzaga (PDT/MG), e já tem a adesão de várias entidades de profissionais da área da segurança pública. Infelizmente o mais provável é que Sergipe não esteja representado no encontro, em contrapartida lideranças das associações estão discutindo a possibilidade de realizar um ato paralelo no mesmo dia do ato na capital federal com o mesmo objetivo.

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