sábado, 16 de julho de 2016

Insegurança pública, legislação frouxa e o “canibalismo humano”

Nas ruas, em áreas particulares, festas ou igrejas, escolas ou dentro da própria residência, assaltos, furtos, homicídios, dentre outros crimes, fazem de Sergipe um dos estados com maior índice criminal do país, onde, de forma assustadora, a violência só aumenta tanto em amplitude como em brutalidade.

Refém da marginalidade, a população se encarcera e, nas vias públicas, os bandidos fazem a festa sem qualquer temor à aplicação da lei. Lei? Onde ela está quando policiais no exercício da função, pais de família, cidadãos de bem são mortos fria e covardemente? Quando, onde e a quem se aplica quando a igualdade perante a constituição, defendida pelos direitos humanos, muitas vezes "prevarica"?

Talvez por ser mais cômodo, apontar um culpado ainda é a grande dificuldade na esfera da segurança pública, vez que a crítica se destina exclusivamente às instituições de polícia que, além do sucateamento estrutural, têm que lidar com o árduo exercício de "enxugar gelo".

Sim, "enxugar gelo" é a expressão que mais reflete o momento vivido, uma vez que as brechas na legislação permitem que menores, por exemplo, não respondam como deveriam por infrações, as quais não podemos sequer denominar crimes, que os tornam apreendidos, e não presos, apreensões estas com periodicidade "prevista", afinal logo o convívio em sociedade é assegurado.

Reafirmação de tal situação foi feita pelo Secretário de Segurança Pública de Sergipe, João Batista, ao declarar, em entrevista televisiva na última quinta-feira (15), que "vivemos uma legislação frouxa e caduca", justificada pela prisão de mais de 2.500 elementos somente nestes primeiros meses de 2016, dos quais uma maioria esmagadora retorna às ruas e retoma o mundo do crime, mantendo o círculo vicioso que agora gira em sentido anti-horário.

A instituição família, através dos valores, está invertida, a educação está defasada, a economia sucateada, faltam políticas públicas e tudo reflete diretamente no processo de "canibalismo humano" em que não se come a carne, mas ainda assim se mata.

Ou há a consciência de que a paz social não se deve unicamente ao trabalho de polícia, mas, principalmente, à responsabilidade do exercício da democracia e consequente cobrança de direitos, ou estaremos findados à falência da cidadania e, finalmente, súditos conscientes dos contraventores.

Iane Gois

Fonte: Portal Itnet

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