domingo, 2 de agosto de 2009

Militares realizam assembléia unificada em Natal e iniciam mobilização

Com uma oração os militares do RN iniciaram assembleia unificada da categoria

Os policiais e bombeiros militares do Rio Grande do Norte estão mobilizados. A categoria se reuniu na manhã de sábado, 1° de agosto, lotando o salão do Clube Tiradentes, em Natal, para deliberar sobre o início da mobilização da classe com o objetivo de cobrar do governo do RN o cumprimento imediato da Lei 273/04, que trata da remuneração da categoria, além da reforma do Estatuto dos Militares e da criação do novo Código de Ética e Disciplina.

A Lei 273/04 escalona a remuneração dos militares potiguares, atrelando os soldos dos diversos postos e graduações aos índices percentuais estabelecidos na LEI, mas segundo as lideranças da categoria o governo não a cumpre. Nos últimos anos, a governadora Vilma de Faria tem concedido reajustes aos militares da base sem observar o reajuste proporcional que deveria ser oferecido também aos demais servidores, o que trouxe prejuízos à categoria

Cabo Jeoás falou sobre a Lei 273/04

Diante desse quadro, a classe insatisfeita voltou a se organizar em torno de um objetivo, o cumprimento imediato da lei. Mas dessa vez, diferente das anteriores, os militares potiguares, que detêm um histórico de duros embates com o governo e de movimentos paredistas, resolveu mudar a sua forma de lutar. Inspirados pela experiência vivida pelos colegas de Sergipe, as lideranças da classe decidiram por um movimento legalista e pacífico, buscando o apoio da sociedade para convencer o Governo do Estado a atender as reivindicações.

Inspiração em Sergipe

A convite do cabo Jeoás Nascimento dos Santos, presidente da Associação dos Cabos e Soldados do RN, o presidente da Asprase e diretor da Anaspra (Ass. Nacional de Praças), sargento Anderson Araújo, uma das lideranças do movimento ocorrido em Sergipe, esteve em Natal para falar aos companheiros sobre como se deu o movimento Tolerância Zero em Sergipe.

Em reunião com o cabo Jeoás e com os presidentes da Associação de Subtenentes e Sargentos (ASSPM), sargento Eliab Marques, e da Associação dos Bombeiros (ABM), soldado Rodrigo Maribondo, Araújo explicou como ocorreu o movimento dos militares em Sergipe: quais foram os eixos do movimento, as dificuldades, as estratégias, tudo para que as lideranças do RN pudessem analisar o histórico do movimento e adequá-lo à realidade local.

Durante a realização da assembléia unificada, o sargento Araújo falou aos militares presentes, fazendo um breve resumo do movimento sergipano. Como fez em Salvador, no início da mobilização dos PM’s baianos, Araújo ressaltou que a grande força do movimento estará na união das associações entre si e da classe com as associações. “Sem união, vocês não chegarão a lugar algum. Sem o apoio de vocês, as associações não terão força para vencer.”, disse ele.

Enquanto relatava o histórico do movimento sergipano, dando exemplo do quanto a classe se uniu, Araújo foi interrompido pelos aplausos da massa presente no Clube Tiradentes, quando citou a atitude dos policiais do Batalhão de Choque, que foram a pé para o Estádio Batistão quando os motoristas da PM decidiram não conduzir as viaturas. O fato que foi emblemático no movimento de Sergipe emocionou também os militares do RN.

Sargento Araújo falou sobre o movimento dos militares em Sergipe

Apoio da sociedade

Diversas lideranças da comunidade e presidentes de sindicatos prestigiaram a assembleia unificada dos militares no RN. Todos concordam que a segurança pública no estado precisa melhorar e que a valorização da classe policial é fator primordial para que essa melhoria ocorra. Por sua vez as lideranças dos militares também demonstraram interesse pelos problemas do povo, e declararam que lutarão junto com a sociedade pela reabertura dos postos policiais dos bairros e pela reativação do Pelotão Escolar, o que agradou os representantes das comunidades.

Representação política

A vereadora por Natal, sargento Regina (PDT), ex-presidente da ASSPM/RN e reconhecida liderança dos militares, também esteve na assembléia unificada. Em sua fala, Regina fez duras críticas à governadora Vilma de Faria e aos atos do seu governo. Regina disse que se depender da classe militar, a governadora não conseguirá atingir o objetivo de se eleger senadora em 2010, já que nunca fez nada pelo bem da categoria.

A sargento disse também que lutará politicamente pelo pagamento dos valores retroativos da Lei 273/04, já que o descumprimento da lei pelo governo provocou um grande prejuízo à classe. Ela pediu a autorização da classe para encampar essa luta, e declarou que trabalhará junto à Assembleia Legislativa para que o Estado pague o que deve aos militares.

Sargento Regina fez duras críticas à governadora Vilma de Faria

Nova assembléia
Ao final os militares aprovaram a pauta de reivindicações proposta pelas associações e já agendaram uma nova assembléia da categoria, que está marcada para o dia 21 de agosto. Segundo o cabo Jeoás, a expectativa da classe é que o governo sinalize com uma proposta de cumprimento da lei e que não seja necessário tensionar o movimento. “Queremos negociar de uma forma diferente, como fizeram os companheiros de Sergipe, sem prejudicar a classe e muito menos a sociedade. Esperamos que não seja necessário o recrudescimento do movimento, mas se for necessário, a nossa classe sabe como fazer isso”, declarou Jeoás.

Cabo Jeoás, sargento Araújo, soldado Maribondo e sargento Eliab
Sargento Araújo ao lado da vereadora Sargento Regina

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