quarta-feira, 30 de setembro de 2009

PEC Militar deixa Déda apreensivo

Em entrevista a JORNAL DO DIA, o governador Marcelo Déda (PT) demonstra preocupação com a possibilidade de aprovação da PEC dos militares, em tramitação no Congresso Nacional, a qual equipara o salário das policias militares ao salário da polícia do Distrito Federal, que são pagos pela União. O governador acredita que se a PEC vier a ser aprovada irá criar dificuldades para os Estados.

Quanto às obras do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), Déda disse que não vê atraso na sua execução, mas alguns gargalos em licitações e no andamento de algumas obras. “Mas todas estão no ritmo bom.”

Para o governador, uma possível candidatura de Ciro Gomes (PSB) ao governo federal não inviabilizará a aliança PT/PSB em Sergipe.

Chico Freire
chicofreire@jornaldodiase.com.br

Jornal do Dia – Em 2008, o governo federal sancionou a lei do Piso do Magistério, que criou dificuldades para muitos Estados e ações no Supremo Tribunal Federal. Agora se discute a PEC (Projeto de Emenda Constitucional) da Polícia, a qual busca equiparar o salário dos policiais militares ao piso dos militares de Brasília. Sendo aprovada e sancionada pelo governo federal, que problemas a PEC poderá causar aos Estados?

Marcelo Déda – Se a PEC for aprovada na forma que está, complica muito a própria execução do acordo que nós tivemos. O Estado de Sergipe não tem condições de pagar o piso salarial do Distrito Federal. Nós já fizemos um esforço grande e temos a polícia mais bem paga do Norte Nordeste. Nós pagamos mais que a polícia do Rio de Janeiro, talvez estejamos pagando menos que as polícias de São Paulo, do Paraná e Brasília. Poucas polícias do Brasil se equiparam a nossa, portanto o esforço é grande para arranjar recursos e honrar esses pagamentos, mas estamos honrando, e vamos honrar tudo aquilo que foi combinado e que é fruto de uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa. Espero que o Congresso Nacional não crie dificuldades que nós não possamos suportar.

JD – Em visita a Aracaju, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, culpou alguns governantes pelo atraso nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), dizendo que os mesmos devem procurar não só buscar liberar os recursos como também os entraves. O senhor se sente culpado pelo atraso nas obras?

Déda – Eu não sei sobre qual governante ele está referindo e nem qual era o tema concreto da sua preocupação, mas com relação ao Estado de Sergipe, nós temos aqui vários empreendimentos do PAC, alguns estão num ritmo bom, outros tiveram problemas durante a execução da obra ou mesmo durante a licitação e nós estamos buscando resolver esses gargalos para que possam ter plena agilidade e cumprir o cronograma que foi negociado com o governo federal.

O Estado de Sergipe captou bastante recursos do PAC, tanto do ponto de vista de recursos do OGU (Orçamento Geral da União) quanto do financiamento, especialmente em obras de infra-estrutura urbana e esgoto sanitário e distribuição de água. Eu creio que temos problemas em algumas obras, mas no geral estamos caminhando bem.

JD – Uma possível candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB/CE) ao governo federal pode vir a inviabilizar a aliança PT/PSB em Sergipe?

Déda – É claro que o ideal seria que nós estivéssemos juntos na chapa majoritária como aconteceu em 2006, mas eu não posso, de modo algum, questionar o direito do PSB e do próprio Ciro Gomes de ser candidato. Acho que é um direito, e se isso acontecer nós precisamos apenas nos acertar no Estado no sentido de conviver com dois palanques presidenciais, mas não acredito que haja reflexo para nossa aliança com o PSB. Acho que mesmo que o Ciro seja candidato não haverá problemas que inviabilizem o nosso trabalho aqui, até porque, a aliança do PT com o PSB em Sergipe é histórica. O PSB é um dos principais aliados do PT, na atual chapa, indicou o vice, a nossa convivência. Portanto, nossa relação é muito boa e eu não vejo como a atitude [do PSB] nacional atrapalhar o entendimento local.

JD – As últimas pesquisas divulgadas quanto aos pré-candidatos ao governo federal têm demonstrado uma estagnação de 15% na intenção de votos pró candidata do presidente Lula, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O senhor acredita em uma mudança nesse percentual daqui por diante?

Déda – Eu creio. Ela já teve 20%, já teve 3%, hoje tem 14%, 15%, acho que isso faz parte da pré-campanha. Nós estamos em uma fase preliminar, onde as candidaturas são anunciadas, discutidas, mas ainda não são candidaturas lançadas. Na hora em que o processo político começar de verdade, grande diferencial será a participação do presidente Lula. Será a liderança do presidente Lula, é a sua presença nos palanques da ministra Dilma Rousseff. O outro segundo grande diferencial é a militância do Partido dos Trabalhadores. O PT é um partido que na campanha revela toda a sua capacidade de mobilização, a sua inserção social e a sua fidelidade aos projetos que o partido lança. Portanto, eu não tenho nenhuma dúvida de que a Dilma vai para o segundo turno. Eu tenho certeza que será uma eleição muito disputada mais que Dilma é uma candidata competitiva.

Fonte: Jornal do Dia

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