segunda-feira, 12 de abril de 2010

O mapa da violência no Brasil


Não são poucas as críticas que apontam as polícias brasileiras como desorganizadas e mal governadas. Isso porque muitas corporações deixam de atuar pautadas em dados científicos minimamente confiáveis para balizar suas ações no clamor político, no desespero social e nas exigências midiáticas – e suas inter-relações. Naturalmente, todos esses fatores são consideráveis, porém, não podem ser o ponto central de uma política pública, que deve possuir diretrizes estratégicas sérias e fundamentadas. Isso porque tais influências ocorrem quando os efeitos já estão postos, levando as polícias brasileiras a serem sustentadas pelo improviso.

Por isso devemos valorizar iniciativas como a realizada pelo Instituto Sangari, que lançou recentemente o seu Mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil, que faz análises profundas, utilizando dados consistentes sobre a incidência dos homicídios nas cidades brasileiras.

Como os homicídios são a expressão máxima da violência, o Mapa usa esse tipo de crime como referência para a incidência da violência, de todos os tipos, no país. Alguns números surpreendem, alguns positivamente, mas a maioria do levantamento nos leva ao estarrecimento, tamanha a carnificina gerada espontaneamente no Brasil. Por exemplo, no período 1997-2007, tivemos mais homicídios do que os seguintes conflitos, juntos:

- Movimento emancipatório/étnico da Chechênia/Rússia;
- Guerra do golfo;

- Guerra Civil de El Salvador;

- Guerra pela Independência do Timor Leste;

- Guerra pela Independência de Angola;

- Disputa Israel/Egito;

- Guerra das Malvinas;

- 2ª Intifada;

- Guerra Civil da Nicarágua;

- Guerra Civil da Irlanda do Norte.


Pasmem: todos esses conflitos juntos tiveram 295.000 mortes, enquanto o Brasil, no período citado, teve 512.216 homicídios. Apesar disso, o estudo aponta para uma queda de homicídios no país, em números absolutos, algo em torno de 5%, novamente entre 1997 e 2007. Por outro lado, um fenômeno novo foi observado:

Mas, se as taxas de homicídio (em 100 mil) caem nas capitais, de 45,7 em 1997 para 36,6 em 2007, assim como nas dez regiões metropolitanas, de 48,4 para 36,6, no interior do país as taxas elevam‐se de 13,5 em 1997 para 18,5 em 2007. Esses dados caracterizam um fenômeno iniciado na virada do século: a interiorização da violência, ou seja, o deslocamento dos pólos dinâmicos da violência das capitais e regiões metropolitanas para o interior.

Outras conclusões do levantamento:

1. 90% das vítimas de homicídio no Brasil são homens;
2. O número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 14.308 (queda de 24,1%). Já o número de vítimas negras não só não caiu como aumentou de 26.915 para 30.193 (crescimento de 12,2%);

3. Os maiores índices de homicídio no Brasil concentram‐se na faixa de 15 a 24 anos de idade (o pico está entre os 20 e os 21 anos). Embora os jovens representem apenas 18,6% da população do país em 2007, eles concentravam 36,6% dos homicídios ocorridos nesse ano;

4. A Taxa de Homicídios por 100.000 habitantes no Brasil diminuiu 0,7% entre 1997 e 2007;

5. A Taxa de Homicídios por 100.000 habitantes no Estado de São Paulo diminuiu 58,6% entre 1997 e 2007;

6. A Taxa de Homicídios por 100.000 habitantes no Estado do Rio de Janeiro diminuiu 31,7% entre 1997 e 2007;

7. A Taxa de Homicídios por 100.000 habitantes na Bahia aumentou 61,1% entre 1997 e 2007.


São números que explicitam a (d)eficiência das política públicas dos últimos anos nos estados brasileiros. Apesar da evolução de algumas unidades da federação, como o marcante exemplo de São Paulo, os números brasileiros estão entre os piores do mundo. Nesse sentido, somos o 6º país com mais homicídios, perdendo apenas para El Salvador, Colômbia, Guatemala, Ilhas Virgens e Venezuela. Clique na imagem que ilustra este post para baixar o Estudo.

Fonte: Site Abordagem Policial

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