Como era de se esperar, Tropa de Elite 2, filme de José Padilha e Bráulio Mantovani, estrelado por Wagner Moura, é recorde de bilheteria e prestígio. Desta vez o filme atira na política, e na perversa prática das milícias, grupos de agentes ou ex-agentes do Estado (policiais) que exploram comunidades das favelas do Rio de Janeiro. Após assistir ao filme, alguns colegas civis me perguntaram: Tropa de Elite 2 é verdade?
Além de ser uma grande obra de arte, Tropa 2 também é um grande documentário (quem não lembra de “Ônibus 174″, grande auge da carreira de José Padilha como documentarista?), afinal, o filme conta recortes da biografia de peças importantes para a segurança pública no Rio de Janeiro. Para provar isso, algumas evidências:
O Documentário Ônibus 174
A primeira evidência de que Tropa 2 tem fortes elementos reais, começa com as declarações feitas pelo Capitão Rodrigo Pimentel ao Documentário Ônibus 174, de José Padilha. O documentário, que conta a trajetória de Sandro, sequestrador de um ônibus coletivo no Rio de Janeiro, tem depoimentos do Capitão, que não foram bem vistos pela cúpula da PMERJ. Não é só isso. Vejam um trecho da matéria publicada pela ISTOÉ Gente, sobre o Capitão, que era do BOPE:
A tragédia do ônibus 174 foi acompanhada de longe pelo capitão Rodrigo Pimentel, 31 anos. Em junho de 2000, no Jardim Botânico, zona sul do Rio, quase cinco horas de agonia dos passageiros do ônibus resultaram na morte de Geísa Gonçalves, uma das reféns tomadas por Sandro do Nascimento, também morto na operação. Integrante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE) – grupo responsável por acompanhar o seqüestro –, ele assistia a tudo pela televisão no Gabinete do Comando Geral da PM e foi consultado sobre a possibilidade de ser dado um tiro para matar o assaltante. A favor do disparo, Pimentel até se colocou à disposição para efetuá-lo. “A vida das reféns corria risco. Tecnicamente falando, e não emocionalmente, a polícia tinha que ter matado o Sandro com um tiro na cabeça no início”, afirma. Insatisfeito com o desfecho, o capitão, que tornara-se um feroz crítico da polícia pelos jornais, uma vez mais não se manteve calado. Participou de uma reportagem no Fantástico, da Globo, e por isso ficou preso por 20 dias. Seria a primeira de quatro prisões por emitir suas opiniões publicamente.
Esta é uma das mais notórias verdades reais do filme. Clique na imagem abaixo e veja a matéria da Folha sobre a rebelião em Bangu 1, ocorrida em setembro de 2002:
Meu Casaco de General
Certamente houve político se contorcendo antes do filme ir ao ar, já que foi anunciado antecipadamente que o Capitão Nascimento virara Tenente Coronel, e seria Subsecretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro. Dentre os subsecretários de Segurança que o rio já teve, Luiz Eduardo Soares se destaca, e escreveu suas experiências em “Meu Casaco de General – Quinhentos dias no front da Segurança Pública do Rio de Janeiro”.
À época em que Luiz Eduardo foi Subscretário, (1999/2000) o Governador era Anthony Garotinho – deputado federal mais votado do Estado nas últimas eleições.
Leia parte do livro no Google Books…
CPI das Mílicias
As Milícias existem? – chegaram a me perguntar aqueles meus colegas. Quem tiver dúvida, baixe o relatório da CPI das milícias, realizada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, uma experiência boa para saber em quem as carapuças do filme servem. A CPI foi presidida pelo Deputado Estadual Marcelo Freixo, militante dos Direitos Humanos e professor. Vejam o depoimento dele ao blog Repórter de Crime, após assistir o filme:
Danillo Ferreira
Fonte: Abordagem Policial
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Para saber mais:
Delegado de polícia é da carreira jurídica? - https://asprase.wordpress.com/2010/07/12/delegado-de-policia-e-da-carreira-juridica/
Para que criar uma Polícia Penal no país?: https://asprase.wordpress.com/2010/08/29/para-que-criar-uma-policia-penal-no-pais/
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