domingo, 3 de abril de 2011

Imprensa, o quarto poder?

Por Danillo Ferreira

Ações policiais equivocadas costumam ser amplamente divulgadas pela imprensa, que muitas vezes comete abusos em suas publicações, fazendo julgamentos precipitados ou mesmo omitindo informações imprescindíveis para o perfeito entendimento do fato. Neste ambiente, o papel da grande mídia na questão da segurança pública sempre é questionado por policiais, que se vêem sempre desfavorecidos e desabonados.

É preciso que se diga que é ilegítima qualquer tentativa por parte das polícias (institucionalmente) ou dos policiais (individualmente) de esconder abusos cometidos por nós, de novo, institucional ou individualmente. As polícias são instituições públicas, DEVEM satisfação à população, e se cometem erros, eles precisam ser demonstrados com a devida clareza, ou retornaremos aos tempos em que o controle social sobre o Estado era quase nulo, não obstante não possuirmos o melhor dos cenários neste sentido.

Por outro lado, precisamos de iniciativas que diminuam e eliminem os casos em que as sensações superam o fato, ou que o fato é desviado e escondido. Não se pode admitir que existam semi-verdades na imprensa. Quando existem questões por esclarecer em uma informação, é perfeitamente possível que ela seja divulgada admitindo esta carência. Mas muito se vê a ânsia pelo “furo” pautando as matérias.

Outro ponto é a perda do foco por parte da imprensa. Exibir questões cotidianas da incidência da criminalidade é necessário e admissível, se há responsabilidade, sem exaltação do sangue, como muitos folhetins fazem, com larga audiência dos que procuram a morbidez hollywoodiana em suas realidades. Com isso, adia-se a discussão séria das causas, e os efeitos continuam intactos.

Mas nem esses desvios cometidos pela imprensa justificam a sonegação de informação, ou a defesa irracional de algum tipo de controle coercitivo. A existência da imprensa é indispensável à democracia, não obstante, algumas vezes, se preste ao cometimento de ditaduras, tratando de causas empresariais ou governamentais de acordo com seus interesses.

Os policiais militares sabem bem o quanto é incômodo se submeter a limitações à liberdade de expressão, de modo que a defesa da extensão desse cerceamento aos demais cidadãos passa a ser inaceitável. Antes, cabe lutar para que os princípios que devem nortear a atividade da imprensa cheguem às instituições policiais, ao tempo em que discutimos como tornar a imprensa cada vez mais um vetor de regulação responsável da segurança pública no Brasil.

Fonte: Abordagem Policial

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