O policial “ou se corrompe, ou se omite, ou vai para a guerra”: este é o ensinamento deixado pelo célebre filme Tropa de Elite, ao discutir a postura ideal do policial frente aos mandos e desmandos vigentes no “sistema” de segurança pública, do qual a polícia é um agente expressivo e central, mas não único. Frente às possibilidades de engajamento individual de cada policial durante sua atuação, chegamos à questão: até que ponto é válida a dedicação ao serviço? Quando devemos nos eximir de atuar na dinâmica social em que estamos inseridos?
Nunca devemos esquecer que estamos sujeitos a uma série de normas que nos obrigam a sermos agentes que devem intervir em algumas ocasiões. Neste contexto, ser omisso significa infringir a lei, e estar vulnerável à proporcional punição, caso a falha seja descoberta. Para o policial que possui a mínima intenção de se manter juridicamente inatacável, omitir-se não é uma postura querida.
Por outro lado, há os que querem justificar ações de abuso da força e até execuções extrajudiciais sob o ponto de vista da “salvação da sociedade”. Se sujeitam à possibilidade da vergonha pública, sendo tratados como criminosos (e, a rigor, não são menos que isso) e da pena que a justiça irá lhes impor. O policial que pensa deste modo, em se utilizar da ilegalidade alegando prestar um serviço à sociedade, ou são ingênuos ou são maldosos, por quererem justificar outro tipo de interesse de maneira “nobre”.
Os limites estão aí: a lei e a vida. Transpor o que a legalidade determina é temeroso e possivelmente trágico. Se omitir e expor a vida própria e dos demais é imoral e condenável. A produtividade, neste contexto, é proporcional aos meios oferecidos – ir além disso é se utilizar de expedientes escusos. A linha da atuação policial ideal é tênue, e mais complexa do que o “se omitir, corromper ou ir para a guerra”, mas é ela que temos que perseguir, ou seremos lançados à inusitada condição de culpados – por excesso ou escassez de atuação.
Fonte: Blog Abordagem Policial
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