Em assembleia geral realizada na manhã deste sábado, 14, policiais e bombeiros militares, cansados das promessas não cumpridas pelo governo e do descaso do mesmo para com as reivindicações da categoria, resolveram mais uma vez apelar para a legalidade e deixar de lado o famoso "jeitinho", e decidiram entre outras coisas que não mais farão o policiamento com viaturas que estejam em situação irregular, contrariando as disposições do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Viaturas sem placas, sem licenciamento e sem o documento obrigatório para circulação não sairão dos quartéis para realizar o policiamento segundo representantes da categoria.
No primeiro dia após a assembleia geral o acordo começou a ser posto em prática. Viaturas do Batalhão de Choque, Rádio Patrulha e CPTur não saíram do pátio das Unidades. Na capital e interior outras Unidades fizeram o mesmo. O amparo legal dos militares desta vez vem do próprio Código Penal Militar (CPM), tão utilizado para reprimir a categoria. Em seu artigo 324 o CPM tipifica como crime militar a inobservância de lei, regulamento ou instrução no exercício da função, punindo com até um ano de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, aquele que cometer tal crime.
Como nenhum militar quer ver suspenso o seu direito de exercer o seu posto ou graduação, cargo ou função, a categoria resolveu fazer o que sempre lhe é exigido: cumprir a lei.
De maneira unânime os militares também deliberaram que não irão mais se voluntariar para cumprir serviços extraordinários, até que o governo encaminhe as propostas da categoria para a Assembleia Legislativa. Os militares querem a definição de sua carga horária e afirmam que não aceitam mais trabalhar nas horas de folga a troco de nada. Em uma faixa exposta no Continguiba no dia da assembleia geral, a denúncia: até os cavalos da PMSE têm carga horária definida de 6 horas por dia, mas os militares não. Seria cômico se não fosse trágico.
Passada a hora das deliberações, de dizer sim à luta e não à repressão do sistema, de erguer os braços e concordar com as propostas apresentadas na assembleia geral, é chegada a hora mais importante. A hora do comprometimento. Sim, porque erguer o braço e concordar com as propostas é a parte mais fácil. O difícil para alguns é cumprir o acordado.
É hora de mostrarmos se estamos envolvidos ou comprometidos com a causa. Para ilustrar a diferença entre o envolvimento e o comprometimento, vamos pensar em um sanduíche de ovos com bacon. A galinha está envolvida, ela põe o ovo e pronto, está aí a sua contribuição. Já o porco... ah, o porco! Este está totalmente comprometido, pois para fornecer o bacon ele dá a própria vida.
Tudo bem, não sejamos tão extremistas. Ninguém precisa dar a vida pela causa, mas se cada um cumprir o que foi acordado em assembleia já estará demonstrando o seu comprometimento e estará contribuindo para que cheguemos às conquistas que almejamos. Precisamos nos conscientizar de que muitas vezes para darmos dez passos à frente, é preciso antes darmos alguns passos para trás.
Que o exemplo dado mais uma vez pelos policiais do Choque, da RP, da CPTur e demais Unidades que aderiram ao movimento possam contagiar todos os policiais e bombeiros militares, pois não há vitória sem luta, e não há luta sem sacrifício. Avante camaradas!
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