Ocorreu nos últimos dias 12 e 13 de abril, organizado pela FENEME e pela AOPM-BA,
o 12º Encontro Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais,
em Salvador, evento que teve como tema os “Militares estaduais e
negociações salariais”. Discussões qualificadas ocorreram no evento, que
teve a presença de oficiais PM e BM de vários estados da Federação,
embalados pelo fervilhar de movimentos reivindicatórios que vêm
ocorrendo em todo o Brasil, inclusive o mais notório deles, que eclodiu
recentemente na Bahia.
Nas discussões de corredores, e até nos discursos de parte dos
palestrantes, um consenso pareceu estabelecido: os oficiais das polícias
e bombeiros militares precisam tomar a frente do processo de mudança
das corporações policiais, inclusive liderando de maneira lúcida
movimentos reivindicatórios junto aos governos. Ao mesmo tempo,
parece-me, este é um entendimento problemático, uma vez que a tendência
geral é que os oficiais sustentem publicamente discursos conservadores, muitas vezes alinhados com os interesses governamentais.
Por dois motivos, principalmente: pelos benefícios que arrisca-se a
perder (promoções, cargos etc) ao se manifestar contra certos
tratamentos dos governos e pela ilegalidade da oposição pública aos
governantes – ilegalidade absurda, mas, ainda assim, ilegalidade. Em
relação às praças, os oficiais preocupam-se muito mais com estes dois
pontos, por questões privadas/capitalistas e por ser chefe, mais
preocupado com o desacato às normas que aparentemente firam esta
condição. Como construir uma liderança vinculada a estas demandas,
enquanto aqueles que falam em nome dos praças geralmente possuem maior
desprendimento e contundência nos seus posicionamentos?
Parte deste questionamento foi respondido pelo ex-Secretário
Nacional de Segurança Pública, Ricardo Balestreri, que pontuou onze
passos para a evolução institucional das polícias e bombeiros militares
brasileiros:
1. Aumento da representação política federal das polícias militares e bombeiros;
2. Vinculação orçamentária destinada a investimentos em Segurança Pública;
3. Investir na qualificação pessoal e de parcerias sociais (aproximação de ONG’s, movimentos sociais etc);
4. Reforma Constitucional das organizações de segurança pública;
5. Responsabilização do Governo Federal no sentido de assumir compromissos com a Segurança Pública;
6. Sindicalização das polícias e bombeiros militares;
7. Permanência na defesa da PEC 300;
8. Melhorar as relações com a mídia e com os intelectuais;
9. Aproximação interna entre praças e oficiais, bombeiros e PM’s etc;
10. Ordenação e organização dos Movimentos Reivindicatórios, evitando equívocos;
11. Criação do Ministério da Segurança Pública.
Sem reivindicações que ecoem em uníssono – incluindo praças e
oficiais – as evoluções institucionais dificilmente serão alcançadas. A
coesão evitaria mobilizações traumáticas e arbitrárias. Em todo o
Brasil, os praças já demonstraram, e continuam demonstrando,
desordenadamente ou não, rejeição ao que está posto. Cabe aos oficiais
assumirem o protagonismo que costumam defender, não em favor da
politicagem de ocasião, mas visando a evolução das polícias e bombeiros
militares, com seus homens e mulheres, para o status de organizações públicas eficientes e alinhadas com os interesses sociais.
Fonte: Abordagem Policial
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