No meio da tarde eles entregaram armas e libertaram
os reféns
Mulheres e crianças choram no momento que são libertadas
(Fotos: Portal Infonet)
Após quase 28 horas de negociações, os detentos do Complexo
Penitenciário Jacintho Filho resolveram entregar as armas e libertar os reféns
[familiares e agentes penitenciários]. De dentro do presídio de segurança
máxima a informação é de que além de armas como escopetas, taser e chuchos, os
presos tinham até mesmo um aparelho de rádio transmissor e várias algemas.
Eles decidiram aceitar os argumentos dos negociadores do
Centro de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar e do Grupamento de Tático
Aéreo (GTA) com a garantia de que terão a maioria das reivindicações atendidas
a exemplo de mudanças na revista.
Após a entrega das armas ao coronel Maurício Iunes,
comandante do GTA, por volta das 15h, o capitão Marco Carvalho, do
Gerenciamento de Crises deixou as dependências do presídio foi até a área
externa conversar com os familiares. "Eu quero pedir que vocês fiquem
calmos, não gritem nem façam sinais para os presos pois estamos praticamente no
final das negociações e está tudo em paz, ninguém está ferido".
Pouco tempo depois, os rebelados libertaram os dois agentes
penitenciários que ainda estavam como reféns [127 pessoas]. De acordo com o
assessor de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública, Lucas Rosário, os
detentos invadiram uma sala de armas e pegaram duas escopetas e uma taser.
"Os policiais encontraram várias chuchos [armas de
fabricação caseira], mas felizmente as negociações avançaram e ninguém saiu
gravemente ferido, apenas um agente que tentou pular o muro e machucou a perna.
O governador Marcelo Déda determinou que todas as denúncias de maus-tratos
sejam apuradas", ressalta.
Reclamações
A maior parte das reclamações das mulheres que eram
libertadas girou em torno do tratamento dispensado a elas no momento das
revistas e aos detentos. "Nem cachorro passa o que eles passam aí dentro.
Nem cachorro", gritava chorando a mãe de um deles.
"Ninguém ficou ferido, nós estamos bem, as crianças não
se machucaram e nós esperamos que a rebelião sirva para que melhorem
priuncipalmente a revista, pois muitos agentes extrapolam", complementa
outra mãe cujo filho está preso acusado de tráfico.
Transferência
O advogado dos presos, José Ronilson Menezes informou ao
final da rebelião que cinco presos [Anderson dos Santos, Jeferson de Araújo
Alkmin, Paulo Henrique Souza de Jesus, Joselito Tavares e Marcos Rogério
Carvalho] foram transferidos para os presídios de Tobias Barreto e de Nossa
Senhora da Glória.
"No próximo dia 23, serão transferidos Geison dos
Santos, José Nilton dos Santos , Breno Alves e Jessian Santos de Jesus. Todos
eles são presos setenciados e estavam em regime provisório", explica
lembrando que a transferência foi uma das exigências dos rebelados, além de
ampliação do número de TVs e retirada de uma agente que faz a revista.
O secretário de Segurança Pública, João Eloy disse que o
desfecho foi um sucesso e que agora a preocupação é quanto ao local para
acomoidar os detentos, que foram levados para um galpão, já que destruíram
várias partes do Compajaf.
Alimentação
A polícia confirmou a morte de dois cães que teriam sido
queimados e até mesmo algemados pelos rebelados. Uma das reclamações dos
familiares é quanto a alimentação, mas um funcionário contou à reportagem do
Portal Infonet, que o cardápio é muito variado. "Eu estou arrasado em ver
a cozinha totalmente destruída. A dispensa está repleta de alimentos,tanto que
estão cozinhando para eles e para o reféns. Aqui cada dia sai um tipo de
comida. Hoje seria dobradinha. Tem alguns que fazem dieta e a gente tem que
seguir rigorosamente. Destruíram tudo", lamenta sem querer se identificar.
Ao final da operação policial, equipes da Polícia de Choque
que entraram no presídio, rasgaram as faixas colocadas pelos rebelados na laje
e hastearam as bandeiras do Brasil e de Sergipe.
Fonte: Infonet (Por Aldaci de Souza)
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