“Quem fala a verdade acaba perseguido”
Capitão Samuel diz que governo Déda luta com dificuldades para ter maioria simples na Assembleia Legislativa

O entrevistado deste domingo (29) é o deputado estadual Capitão Samuel Barreto (PSL) que confirma sua posição de independência perante o governo do Estado na Assembleia Legislativa. O parlamentar comenta na entrevista as críticas proferidas pelo líder do governo na AL, deputado Francisco Gualberto (PT); os ataques proferidos por Marcelo Déda (PT) aos irmãos Edvan (PTB) e Eduardo Amorim (PSC); além de criticar a política do governo de condenar e punir trabalhadores, em especial da Segurança Pública, que foram para as ruas defender os interesses da categoria. Para oCorreio de Sergipe, Samuel também comentou se o governador tem ou não a maioria no plenário da AL. Confira a seguir, e na íntegra, essa entrevista exclusiva:
Texto – Capitão Samuel
CORREIO DE SERGIPE: Iniciando a entrevista, vamos direto a polêmica: essa semana, na Assembleia Legislativa, o senhor teve um embate com o líder do governo, deputado Francisco Gualberto. Ele lhe acusou de dissimulado e insinuou que o senhor tinha mudado de posição política. Isso é verdade?
CAPITÃO SAMUEL: Na minha avaliação o deputado Francisco Gualberto acabou se equivocando em relação a minha postura política na Assembleia Legislativa. Eu tenho uma relação muito boa com o grupo Amorim, que eu respeito bastante. E, durante todo o tempo em que esse grupo esteve com o governo de Marcelo Déda, eu já marcava minha posição de independência na Casa. Agora que o grupo está fora do governo, eu digo a você que a minha continua sendo a mesma. Nunca mudei de lado e sempre mantive uma posição independente. O deputado, infelizmente, se equivocou a meu respeito, mas o embate se deu no plenário, nós já superamos essa situação e temos que seguir o trabalho defendendo aquilo que acreditamos e mantendo um bom relacionamento com os colegas de parlamento.
CS: Por mais que se tente fugir desse tema, sempre vem à tona a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. Afinal, deputado, quem estava certo? Quem falou a verdade? Qual a verdade? Houve um golpe mesmo contra o governo?
CS: Isso já está muito claro para a sociedade sergipana. Não houve golpe contra o governo de quem quer que seja! Houve sim que quem teve mais votos venceu a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa. O deputado Garibalde Mendonça (PMDB) chegou a declarar que foi convidado para compor a Mesa. Nós conversamos com o Chefe da Casa Civil, Jorge Alberto, durante os festejos do Rasgadinho. Se ele sabia, então eu entendo que o governador sabia de tudo. O problema é que o governador não aceitou que a eleição se desse como aconteceu. Tinha que ser feita do jeito dele. Mas a Assembleia é um Poder independente e os partidos que decidiram seguir a posição do governo, se retiraram da votação. Os demais que ficaram, votaram e elegeram a Mesa sem problema algum.
CS: Essa semana Sergipe assistiu uma entrevista polêmica do governador Marcelo Déda quando ele acusa os irmãos de não ter palavra, compromisso e de trabalharem para desestruturar o seu governo. Era o momento político para as críticas? Por que as agressões?
CS: Sinceramente eu não vi motivos para esse ataque gratuito do governador aos irmãos Amorim. Acho que todos nós somos adultos e cada um tem o direito e faz o que acha que deve fazer. Agora eu avalio que os ataques foram totalmente desnecessários e descabidos. Foram desastrosas as declarações do governador Marcelo Déda. Considero até raivosas! Mas esse é o jeito dele agir, muitas vezes com arrogância. Ele tem o grupo dele definido e cada um tem que fazer o seu trabalho. Agora ao invés de ficar falando é preciso que o governo comece a mostrar resultados para a população, avaliar a realidade da Saúde, Educação e, principalmente, da Segurança Pública. Temos que trabalhar e evitar esses temas polêmicos. Quando o governo está parado aí perde todo mundo.
CS: O senhor não acha que ao invés de intensificar uma política de Segurança Pública eficiente, o governo de Marcelo Déda, com essência nos movimentos sociais, perde muito tempo e se desgasta buscando fazer uma política de “caça as bruxas” na SSP, punidos e expulsando militares da corporação?
CS: Tenho dito isso repetidamente na tribuna da Assembleia Legislativa. Não adianta o governo promover uma troca de nomes na política de Segurança Pública do Estado. Se não mudar a atitude, aí não vai adiantar nada! O governo tem que ouvir mais as comunidades, tem que ouvir os Conselhos de Segurança Comunitários. Digo e repito: a prevenção ainda é o melhor remédio para o problema da SSP. Infelizmente o foco dentro da SSP está apenas na investigação e na repressão. Esse governo tem que parar de perseguir as pessoas que falam a verdade. Quem fala a verdade acaba perseguido. São essas pessoas sinceras que deveriam sim ficar ao lado do governador. Nós não temos uma política de Segurança eficiente. Sexta-feira (27), por exemplo, houve troca de tiros dentro do Hospital João Alves, médicos e enfermeiros, assustados, foram embora e não prestaram atendimento aos pacientes. Esse é o retrato da nossa Segurança.
CS: E quanto a esses projetos de lei que chegaram, essa semana, na Assembleia Legislativa? Há previsão para a chegada do projeto de reajuste dos servidores públicos?
CS: As categorias de trabalhadores estão em polvorosa esperando a chegada desses projetos e torcendo por alterações que a Assembleia Legislativa deverá fazer. Vamos discutir tudo com muita calma e vamos fazer as alterações que a Constituição permitir. Vamos dar espaço para as categorias exporem seus pontos de vista. A LOB da Polícia Militar chegou com um regulamento disciplinar, com a criação de uma Corregedoria Unificada de Polícia Civil e Militar e algumas pequenas alterações. Em conversa com o deputado Francisco Gualberto, ele me disse que ainda faltam chegar alguns projetos que vão ser enviados nesta próxima semana para complementar tanto a questão da Polícia Civil, quanto da Polícia Militar. Assim que chegarem esses projetos, nós vamos pegá-los e distribuí-los. Já, inclusive, me antecipei e marquei uma reunião da Comissão de Segurança Pública para esta semana quando vamos agendas as discussões com as categorias sobre esses projetos que estão chegando. Aqui ninguém vai ter pressa para votar as coisas. Vamos discutir com os trabalhadores e só depois nós vamos decidir.
CS: Afinal de contas, deputado, o governador tem ou não tem a maioria na Assembleia Legislativa?
CS: Vejo que o governo vive propagando que tem a maioria, que já conta com 14 votos na Assembleia. Nos bastidores, nas conversas que tenho com os deputados, digo que o governo terá muita dificuldade para aprovar determinados projetos na Casa. Alguns deputados já se manifestam que não votam contra os trabalhadores. A deputada Ana Lúcia (PT), por exemplo, é uma delas e já se manifestou nesse sentido. O também deputado Zé Franco (PDT) já declarou também que seguirá os votos dados por Ana Lúcia. Desse jeito só aí nós já temos um empate em 12 a 12, ou seja, o governo não tem coeficiente para aprovar nada! Com essa divisão ampla entre quem é governo e quem é oposição só é benéfica para as categorias de trabalhadores e para a população de uma forma geral. É um novo momento do Poder Legislativo. Já vi muitos governos trabalharem para ter a maioria absoluta na Casa. Esse busca a maioria mínima e com muita dificuldade. Com a Assembleia independente quem ganha é o povo de Sergipe.
Frases
“Desse jeito só aí nós já temos um empate em 12 a 12, ou seja, o governo não tem coeficiente para aprovar nada!”
“Agora ao invés de ficar falando é preciso que o governo comece a mostrar resultados para a população”
Capitão Samuel, deputado estadual
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