Oficiais, soldados e mulheres de integrantes das Forças Armadas e das polícias militares criam uma nova legenda para tentar voltar ao poder agora pelo voto
Na terça-feira 5, a presidente Dilma Rousseff foi homenageada com a
maior das condecorações militares, a Grã Cruz. Diante dos comandantes
das Forças Armadas, ela fez uma referência aos anos de chumbo da
ditadura, ao ressaltar que o Brasil soube corrigir seus caminhos e
alcançou a maturidade institucional. O País vive dias de democracia
plena e houve, sem dúvida, importantes mudanças nas casernas. Tanto
assim que militares planejam agora voltar à política, mas sem
truculência. Até o fim do mês será criado o Partido Militar Brasileiro,
legenda que antes mesmo do registro oficial já conta com 17 mil
pré-filiados, entre oficiais da reserva do Exército, da Marinha e da
Aeronáutica e integrantes da Polícia Militar e dos Bombeiros.
Há diretórios sendo criados em 27 Estados, site na internet e até
hino, gravado no YouTube, em que um coro entoa palavras de ordem como
soberania, democracia, igualdade e segurança pública. O novo partido
terá como bandeira o combate à violência e à corrupção. Não aceitará
filiação de fichas-sujas e nem fará coligações majoritárias se não for
cabeça de chapa. “Os políticos não têm coragem para combater o crime
organizado e estão mais interessados em se servir do poder”, diz o
presidente do PMB, Augusto Rosa, que é capitão da PM em Ourinhos (SP).
Ele afirma que o partido é de centro-direita, apesar de defender a
política econômica e os programas sociais do governo.
Rosa faz um mea-culpa: “O golpe de 1964 foi um erro”. Mas sua posição
não é majoritária. Também devem aderir à legenda vários generais da
reserva, inclusive dirigentes dos clubes militares, tradicionais redutos
do conservadorismo. Além disto, o PMB pretende lançar como candidato a
presidente da República em 2014 o general Augusto Heleno, que na semana
passada foi proibido pelo comando do Exército de fazer uma palestra
intitulada “A contrarrevolução que salvou o Brasil”. Rosa e seus
companheiros de farda defendem posições tão polêmicas como as do
deputado federal Jair Bolsonaro (DEM-RJ). “Somos contra o casamento gay,
a legalização do aborto e da maconha, e a favor da redução da
maioridade penal”, afirma.
Apesar das restrições legais à atuação política de militares, Rosa,
graças a providenciais licenças, concorreu a deputado federal nas
eleições de 2002 pelo PDT, nas de 2006 pelo PV e, finalmente, em 2010
pelo PSB. A presidente do diretório do PMB no Distrito Federal, Ivone
Luzardo, mulher de militar, também foi candidata a deputada distrital no
ano passado pelo DEM. Apesar da frustração nas urnas, tanto Rosa como
Ivone acham que o PMB não terá dificuldade em reunir as 500 mil
assinaturas para o registro oficial.
Fonte: Blog No QAP/Revista Isto é/Blog da Renata
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