segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Investigação da PM sobre propina em Bangu só acusou praças

Fonte: Extra/O Globo

Não foram só agentes da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Secretaria de Segurança e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que investigaram o recebimento de propina por PMs do 14º BPM (Bangu). A Corregedoria da PM também abriu, em 2012, um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar denúncias de cobranças de propina de policiais do batalhão. Os resultados das duas investigações, entretanto, foram bastante diferentes: enquanto Gaeco e Ssinte juntaram provas para prender até o comandante do batalhão, coronel Alexandre Fontenelle, a investigação da PM só indiciou praças.

O IPM 1033/2538/2012, conduzido pelo tenente-coronel Robson Marcelo Vaz de Nunes Rodrigues, investigou a prática do crime militar de concussão e foi concluído no último mês de maio, com o indiciamento de 53 praças — 35 deles, sargentos. Os autos do inquérito, divididos em 57 volumes, chegaram aos promotores da Auditoria Militar em 23 de maio deste ano, e logo foram encaminhados aos promotores do Gaeco.

O objetivo é que as informações do IPM sejam compartilhadas com a última fase da investigação da Ssinte e do Gaeco: a denúncia dos policiais por cada propina recebida. Por cada caso de exigência ou recebimento de “vantagem indevida”, o PM vai responder uma vez por concussão. O crime tem pena de dois a oito anos de reclusão.

Apesar de a PM ter poupado os oficiais do batalhão, os promotores do Gaeco já decidiram que as provas reunidas pela Ssinte são suficientes para denunciar o coronel, os três majores e os dois capitães também pelo crime de concussão. Todos os oficiais tiveram prisão preventiva decretada pelo crime de formação de quadrilha e estão presos no Batalhão Especial Prisional (BEP).

As investigações da Ssinte e do Gaeco também começaram em 2012 e, de lá para cá, resultaram em duas operações: a Compadre, em abril de 2013, que terminou com a prisão de 78 pessoas, sendo 53 PMs; e a Amigos S. A., há duas semanas, em que 24 PMs, sendo seis oficiais, terminaram na cadeia. Segundo a denúncia do MP, cabia ao coronel Alexandre Fontenelle o papel de chefe da quadrilha e principal beneficiado pela “balcão de negócios” instalado no batalhão. Agora, os investigadores se debruçam sobre os bens do oficial. Os promotores suspeitam que ele lavava o dinheiro obtido com propinas comprando e vendendo imóveis.

As investigações do Gaeco também podem chegar a um delegado. Os promotores do Gaeco enviaram ofício à Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva, para que o órgão avalie a necessidade de abrir um inquérito civil para apurar se há envolvimento do delegado Jader Machado Amaral com o recebimento de propina na 34ª DP (Bangu).

Segundo o MP, Jader tinha “relação de confiança” com o chefe de investigações, inspetor Carlos Antonio Torres, preso acusado de chefiar o recebimento de propina dentro da delegacia. Torres, de acordo com os promotores do Gaeco, cobrava propina de funcionários do Bangu Atlético Clube para não fiscalizar festas feitas no clube. Hoje, Jader está lotado na Delegacia de Combate às Drogas.

Fonte: Blog SOS Segurança Pública/Jornal Extra

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