quarta-feira, 12 de novembro de 2014

85% dos policiais brasileiros querem mudança de modelo

Dos policiais ouvidos, 34,98% defendem a desmilitarização da polícia e 30,81%, a unificação das polícias civil e militar; estudo foi divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Censo divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que apenas 14,22% dos policiais brasileiros acreditam que o melhor para a realidade brasileira seja a manutenção do atual modelo de polícias estaduais, com a Polícia Militar agindo de forma ostensiva e a Polícia Civil mantendo função judiciária.

A maioria dos policiais ouvidos pelo censo (27,10%) acredita que o ideal seja criar uma nova polícia, com caráter civil, com hierarquia e organizada em carreira única. Outros 7,88% dos policiais também defendem nova polícia civil, mas organizada em carreiras diferentes, totalizando 34,98% dos que defendem a desmilitarização da polícia – pauta reivindicada por setores da esquerda e que foi bandeira do PSOL durante as eleições. Além disso, 30,81% dos policiais que responderam ao questionário defendem a unificação das polícias civil e militar. O restante defende outros modelos ou não têm opinião formada.

O levantamento foi feito pelo Centro de Pesquisas Jurídicas Aplicadas, da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública. A pesquisa ouviu 21.101 policiais, da Polícia Militar (52,9%), Polícia Civil (22%), Polícia Federal (10,4%), Corpo de Bombeiros (8,4%), Polícia Rodoviária Federal (4,1%) e Polícia Científica (2,3%), entre 30 de junho e 18 de julho deste ano.

Dificuldades

Questionados sobre os fatores que mais trazem dificuldades aos trabalhos das polícias, 84,7% definiram os "baixos salários" como fator muito importante. A renda líquida mensal de 27% dos policiais que responderam ao censo é de R$ 5.001 a R$ 10 mil; de 26,2%, é de R$ 2.001 a R$ 3.000 e de 20,9%, de R$ 3.001 a R$ 4.000.

O contingente insuficiente de policiais foi apontado como fator muito importante por 81,7% dos entrevistados. 80,6% falaram em formação e treinamento deficientes; 76,8% em falta de verba para equipamentos e armas; 71,9% em incapacidade das instituições para identificar potencial de cada profissional e 70,3% apontaram a corrupção policial como fator muito importante.

Outros problemas apontados pela categoria são leis penais inadequadas (muito importante para 82,1%), falta de política de segurança pública (81,4%) e mau funcionamento do sistema penitenciário (79,1%), dentre outros.

Cerca de metade dos policiais disse que Ministério Público e Justiça atuam com "indiferença em relação às dificuldades do trabalho policial, apenas cobrando, mas sem colaborar".

Violência

Dentre os policiais ouvidos, 66% já terem sofrido discriminação por serem policiais. 42,7% dos policiais relatou ter sido vítima de violência física e 5,2% já foram baleados, em serviço ou de folga. O estudo pode ser acessado na íntegra AQUI.

Outros estudos

Outro estudo feito pela FGV para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que 81% dos brasileiros acham "fácil" desobedecer leis. O mesmo porcentual de pessoas também tem a percepção de que, sempre que possível, as pessoas escolhem “dar um jeitinho” no lugar de seguir as leis. O estudo, divulgado nesta segunda pelo jornal "O Estado de S. Paulo", mostra ainda que 32% da população confia no Poder Judiciário e 33% confiam na polícia.

Além disso, pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas Econômicas (Ipea) e divulgada nesta segunda pelo jornal "O Globo" aponta que a violência custa R$ 258 bilhões no Brasil, o equivalente a 5,4% do Produto Interno Bruto do país.

Fonte: Jornal O Tempo

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