O aumento da violência é um mal que assusta em todo o país.
Constantemente são divulgados dados, estatísticas, relatórios e a cada nova
publicação as informações são mais alarmantes. Aumento no número de homicídios,
roubos, latrocínios, entre outros crimes. Cidades outrora pacatas estão tendo
que conviver com o terror instalado pela marginalidade. A situação por vezes
parece irreversível e a sensação de insegurança é cada vez maior entre os
cidadãos.
E quando os policiais se tornam vítimas dessa violência, o
que dizer? Para o cidadão dito “comum” a primeira mensagem é: “Se nem os
policiais estão seguros, imagine eu”. Em 2014 o número de policiais vítimas de
homicídio aumentou significativamente em vários estados. E a violência contra
policiais, ao contrário do que pode parecer, não se resume ao eixo Rio-São
Paulo, embora em números absolutos possa ser maior nestes estados. Em São
Paulo, somente até 28 de julho de 2014 já se contabilizava um aumento de mais
de 62,2% no número de mortes de PMs em relação ao mesmo período de 2013,
segundo dados da própria PMESP. No Rio de Janeiro, segundo o Sinpol/RJ, 111 PMs
e 3 policiais civis foram mortos em 2014. Nos dois estados policiais militares
realizaram manifestações em virtude da morte dos colegas de farda, a grande
maioria mortos em seu horário de folga ou mesmo depois de aposentados.
A violência contra os policiais tem se espalhado e atingido
também outros estados. Um exemplo é o Maranhão, onde segundo a Associação dos
Policiais Militares (ASPOM/MA) o número de PMs mortos somente em 2014 chegou a
15. Em Belém o Diário do Pará publicou no último dia 16 de dezembro que somente
até aquela data 19 PMs já haviam sido mortos no estado e outros 14 foram alvejados.
A Bahia é outro estado que também se destaca pelo grande número de policiais mortos.
Até mesmo em Sergipe, antes conhecido pela tranquilidade
local, também contabilizamos nossas vítimas, a última delas o Sargento Manoel Messias
Filho, 63 anos, policial da reserva remunerada, executado friamente por
bandidos apenas por ter sido identificado como militar, fato ocorrido durante
um assalto a uma pequena chácara no município de São Cristóvão, na Grande
Aracaju. Embora não haja estatística oficial sobre estes casos no estado, pelo
menos seis policiais militares ativos e inativos foram vítimas de homicídio em
Sergipe nos últimos três anos. 
O mais lamentável em tudo isso é o grau de importância que é
dado à morte de um policial, seja pela imprensa, pelas autoridades e até pela
população. De maneira geral as notícias são publicadas sem grande destaque,
nenhum representante dos Direitos Humanos, da Anistia Internacional ou de
qualquer desses órgãos que logo se manifestam quando um bandido é abatido em
confronto com policiais aparece no velório ou faz uma visita à família da
vítima. Parece que ninguém mesmo se comove com a morte de um PM, à exceção dos
seus familiares, amigos e colegas de profissão. Para os outros a morte de um
policial parece ser tida como “normal”, afinal, o risco é inerente à profissão,
como escreveu certa vez um promotor público.
Há alguns anos, ao participar de um encontro nacional de
praças policiais e bombeiros militares em Belo Horizonte/MG, ouvi uma frase do
então Secretário Nacional de Segurança Pública, Ricardo Ballestreri, a qual
nunca esqueci. Dizia ele: “Precisamos cuidar dos nossos cuidadores”, dirigindo-se
aos civis que ali se encontravam e referindo-se a nós policiais e bombeiros. Infelizmente
a realidade não é essa e nem mesmo o Estado cuida de maneira adequada daqueles
que o representam no papel de manter a ordem e a tranquilidade pública. Em
muitos casos por esse Brasil afora, policiais vão às ruas sem dispor sequer de
equipamentos básicos de segurança pessoal, a exemplo de coletes balísticos.
Quando disponíveis, esses materiais que deveriam ser de uso pessoal, precisam
ser compartilhados entre vários colegas, que vão passando de um para o outro,
turno após turno, sem sequer haver a higienização desses materiais.
Não bastassem estes e outros problemas, ainda temos que
enfrentar no Congresso Nacional diversos projetos que dificultam ainda mais a
ação policial e que põem em risco nossa população e os membros de nossas forças
de segurança. Exemplos disso são o Projeto de Lei (PL) 4471/2012, que acaba com
o auto de resistência à prisão, e o PL 3722/2012, que flexibiliza o Estatuto do
Desarmamento possibilitando que todos possam ter acesso a armas, num total de
09 (nove) armas por cidadão, inclusive, pasmem, processados e condenados. Ou
seja, enquanto a população clama por segurança, há aqueles que, movidos por
algum tipo de interesse, vão na contramão do clamor popular e tentam aprovar
medidas que só tendem a potencializar o aumento da violência e da
criminalidade. Esperamos que nossos congressistas também aprovem o Projeto de
Lei 8176/2014, de autoria do deputado Jair Bolsonaro, que torna hediondos os
crimes cometidos contra a vida dos profissionais de segurança pública e seus
familiares.
Aos policiais militares, por força das leis e regulamentos
que os regem, mal é permitido falar, opinar, se utilizar da tão propalada “liberdade
de expressão”. Mesmo assim, falamos, muitas vezes até gritamos, contudo nem
sempre somos ouvidos. São pais e mães de família que estão morrendo, pessoas
que juraram defender a sociedade mesmo com o risco da própria vida, e que assim
fizeram. Aqueles que não tombaram em combate, tombaram simplesmente por terem
escolhido essa profissão, que consegue ser ao mesmo tempo tão nobre e tão
ingrata. O sangue destes companheiros clama por justiça.
É preciso que nossas autoridades ajam urgentemente em defesa
de nossos policiais e de nossa sociedade, e que esta mesma sociedade se
conscientize sobre o quanto somos importantes e essenciais, e cobre da classe
política soluções que nos permitam construir num futuro próximo um ambiente
onde possamos viver em paz.
A todos os policiais e bombeiros militares do Brasil que
perderam sua vida em missão ou não, nosso respeito e nossas honras! 
Por Anderson Araújo*
* 1º Sargento da PMSE, Bacharel em Administração, Presidente
da Associação dos Praças PM/BM de Sergipe (ASPRA/SE) e membro do Conselho
Fiscal da Associação Nacional de Praças (ANASPRA).
 
 
 
 
 
 
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