domingo, 25 de setembro de 2016

A violência dominante e a inútil preocupação de Jackson Barreto

Jackson Barreto, governador de Sergipe. Arquivo Aspra.

Pesco mais um lamentando que Sergipe continua sendo o paraíso dos bandidos, ao comentar mais um homicídio a aumentar as já alarmantes estatísticas. Pergunto no automático aos botões: e deixará de ser tão cedo? Tem projeto de governo eficiente para isso? Eis a incógnita a inquietar.

Na última sexta-feira, dia 23, logo cedo, os rádios alarmavam que se computava mais 10 homicídios em Sergipe, somente nas últimas 24 horas. Repita-se: nas últimas 24 horas, mais 10 homicídios. São crimes e mais crimes batendo com força na cara deste governo patético. Infelizmente, não sem antes atingir o rosto da sociedade.

Aceito a pecha que vassalos de plantão quiserem aplicar-me. O jornalismo não existe num jardim cheio de flores sem espinhos. E, óbvio: sinceridade no ofício jamais agrada a todos. Mas não estaria nem aí se os bandidos desmoralizassem apenas este governo pífio. Se vingassem os judiados funcionários públicos, por exemplo. A população. A falta de preparo avoca sempre as mais cruéis consequências. Não suporta o peso do pote? Por que se arvora a segurar a rodilha?

O problema, contudo, é que, ao desmoralizar a segurança pública pensada por Jackson Barreto para Sergipe, os bandidos atingem também – e principalmente – a população. A lógica é: Jackson falha, os bandidos entram em ação e, sem opção, à população cabe custear erros alheios com o bolso e a pele.

Os crimes são tantos, a criminalidade reina tão soberana, a violência está tão fora de controle que exemplos emblemáticos do apocalipse se sucedem numa velocidade tão assustadora que, exceto a vítima – quando tem a sorte de sobreviver -, sua família e amigos, ninguém mais parece surpreso. Chocado. Até mesmo indignado quando o Estado contabiliza mais um gol a favor dos bandidos. Preocupa além da conta aos não embrutecidos: o crime em Sergipe se tornou algo comum. Banal. Rotineiro. A exceção virou regra.

Seria de uma irresponsabilidade ululante escrever aqui que o Estado jogou a toalha. Registrar que o governador Jackson Barreto não se preocupa com as vidas ceifadas pelos bandidos friamente. Com os inúmeros assaltos. Afaste de mim o cálice da irresponsabilidade. Creio ser verdade que o governador se preocupa. Só Deus pode julgar, aliás.

A indagação, no entanto, é a seguinte: a julgar pelas estatísticas, faz diferença se o governador está ou não preocupado? A sua preocupação tem perpassado seu projeto de governo e conseguido inibir a bandidagem? O discurso de Jackson Barreto tem garantido a segurança da população? Sua propagada insônia freia bandido? Desculpas trazem vidas de volta?

É irônico, mas, se fosse o contrário, se Jackson Barreto dissesse que não está nem aí para a segurança pública, enxergando com aqueles óculos com os quais finta o Sintese (lembra a pérola?), mas, como no mundo do sonho coletivo, o Estado estivesse ganhando a guerra para os bandidos, os marginais temessem a polícia e não registrássemos tantos homicídios, tantos outros crimes, Sergipe nem se lembraria que tem governador. Ele poderia fazer ou não fazer o que quer. Porém, como no mundo real a bandidagem está a triunfar de forma soberana, Sergipe, às vezes, até esquece que tem governador.

Joedson Telles

Fonte: Universo Político

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