terça-feira, 26 de junho de 2018

União das Polícias do Brasil se reúne com representante da OIT para discutir situação dos policiais brasileiros


Representantes da União dos Policiais do Brasil (UPB) se reuniram nesta quinta-feira (21) com o diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Martin Hahn, para discutir uma agenda de trabalho pela defesa dos profissionais de segurança pública do País. Segundo as lideranças que convocaram a reunião, é preciso criar, urgentemente, mecanismos para impedir retrocessos na legislação brasileira no que tange o trabalho dos policiais e promover mais valorização entre as carreiras que atuam no setor.

De acordo com o diretor parlamentar Marcus Firme dos Reis, que representou a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) no encontro, os policiais brasileiros estão sujeitos a uma série de violências que enfraquecem ainda mais o setor. “O policial é um dos principais alvos da violência no País. O índice de suicídio entre esses profissionais também tem crescido consideravelmente, fora o estresse funcional a qual estão submetidos”, elencou.

A policial civil e representante do Sindicato dos Policiais Civis do DF e da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis, Marcele Alcântara, lembrou o descaso do governo para com os policiais no âmbito da Reforma da Previdência e reforçou que a negligência com os profissionais do setor tem reflexos negativos para toda a sociedade. “A maioria dos policiais sequer tem plano de saúde custeado pelo Governo. Muitos sofrem de depressão, outros desenvolvem problemas cardíacos. Como esperar que esses profissionais trabalhem motivados, enfrentando e combatendo as organizações criminosas?”, questionou. Em 2017, durante as discussões sobre a reforma da Previdência Social, o Executivo cogitou retirar a natureza de risco da atividade policial da constituição. “Um absurdo”, avalia a policial.

Em sua fala, o presidente da Federação dos Policiais Rodoviários Federais, Deolindo Carniel, chamou atenção para dados alarmantes sobre a saúde dos policiais. “O Governo não tem interesse em produzir dados oficiais, levantar estatísticas a respeito do tema. Recentemente, encomendamos duas pesquisas e os resultados são muito negativos. Para se ter uma ideia, a expectativa de vida de um policial da ativa é de 47 anos”.

O diretor Martin Hahn se comprometeu a encaminhar a situação apresentada pelos policiais à cúpula da OIT em Genebra. “É uma situação difícil, mas vamos fazer o que for preciso para ajudar”, declarou. O encontro, realizado na sede da OIT em Brasília (DF), reuniu ainda representantes da Associação Nacional das Mulheres Policiais (Ampol), Associação Nacional dos Peritos de Polícia Federal (APCF), Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol) e Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do DF (Sindepol).

Estudo aponta ‘assédio moral e terror psicológico’ na Polícia Federal

A reunião da União dos Policiais do Brasil na OIT ocorreu no mesmo dia em que o Sindicato dos Policiais Federais do DF (Sindipol/DF) reencaminhou à Direção-Geral da PF estudo feito por psicólogas da Universidade de Brasília com agentes da Polícia Federal apontando que a instituição é marcada pela “existência de assédio moral e terror psicológico”. A pesquisa mostra que 83% dos policiais sentem que não são valorizados no trabalho, 74% se sentem indignados, 39%, inúteis, 46% têm “emoções de raiva” e 18%, “medo”.

O relatório ficou pronto há três anos, mas seus resultados permaneceram em sigilo até o momento. O Sindipol-DF resolveu levantar o sigilo pois a situação não foi resolvida. “As próprias psicólogas nos orientaram a divulgar os dados para evitar uma tragédia”, disse Flávio Werneck, presidente licenciado do Sindicato.

Fonte: Fenapef

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