segunda-feira, 15 de junho de 2009

Coronel Pedroso faz formatura geral e pede o apoio da tropa

Para o Comandante Geral, ou a tropa está com ele, ou não há mais o que fazer

Coronel Pedroso discursa para a tropa e pede a confiança de todos os policiais militares

Na manhã de hoje, 15, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), os policiais militares de Sergipe participaram da primeira formatura geral com o novo Comandante Geral da corporação, o coronel Pedroso. A expectativa de todos era grande, já que a PM e também o Corpo de Bombeiros Militar (CBM), são protagonistas de uma crise sem precedentes que envolve a classe dos militares e o governo do Estado. Tanto assim que o Comandante Geral do CBM, coronel Nailson Santos, também participou da formatura acompanhado do seu Subcomandante, coronel Ionaldo.

Em seu discurso o Cel Pedroso foi enfático. Ele procurou ir direto ao assunto e disse não ser homem de meias palavras. Pedroso admitiu que a PM vive um momento de crise e falou que todos os envolvidos no atual processo têm uma parcela de culpa pela situação a que se chegou. Para ele, tanto os oficiais, o governo e as associações da classe contribuiram de alguma forma para que a PM estivesse hoje numa situação que o comandante denominou de vexatória.

O coronel fez questão de sintetizar o histórico desde sua assunção ao comando da PMSE até hoje. Afirmou não ter amizades políticas e acreditar que por isso sua indicação se deu pela sua competência, já que não fez pedidos a ninguém. Disse também que ao aceitar o convite para comandar a PM num momento tão turbulento, sabia que estava entrando no "olho do furacão", mas sabia também que teria a árdua missão de reestabelecer a ordem das coisas. Ele disse que não colocaria 29 anos de coturno em jogo à toa, e que faria o possível para que o sonho de valorização da classe se tornasse realidade.

O Comandante Geral falou da reunião que teve com o governador Marcelo Déda, para a qual foi desacreditado por todos. "Muitos não acreditavam que eu seria recebido pelo governador. Outros não acreditavam que, se fosse recebido, eu conseguiria falar sobre salário com o governador. Esse era o clima", disse o coronel. Contrariando as expectativas, Pedroso afirmou que não só foi recebido pelo governador, como também conseguiu convencê-lo a reabrir a negociação com a classe.

Segundo o Comandante da PM, o governador Marcelo Déda falou por cerca de quarenta minutos sobre a situação da corporação, a hierarquia e a disciplina. Depois disso, o Cel Pedroso dispôs de vinte e cinco minutos para expor a sua visão da situação. Ele pediu ao governador que reabrisse a negociação, uma vez que o próprio Marcelo Déda tinha afirmado em entrevistas que esta seria feita com o Comando, no entanto, o reajuste dos militares foi anunciado sem nenhuma conversa anterior acerca do assunto. O governador teria então considerado plausíveis os argumentos do comandante e atendido ao pedido do Cel Pedroso.

Porém, sem nenhuma sinalização concreta do governo e já tendo passado por experiências anteriores semelhantes, os militares não confiaram no aceno do governador. Eles acreditavam que a suposta reabertura da negociação era apenas uma forma de conter os ânimos e normalizar a situação, por conta da visita do presidente Lula no último dia 12, sexta-feira. Diante disso, a classe se manteve cumprindo as decisões acordadas em assembleia no dia 8 de junho, realizando apenas o policiamento a pé e mantendo as viaturas paradas.

Para o Cel Pedroso, essa atitude fragilizou o Comando, uma vez que ele tinha empenhado a palavra ao governador de que tudo voltaria ao normal. Pedroso criticou as associações afirmando que se reuniu com seus presidentes antes e depois de falar com o governador, e esperava que a atitude das entidades tivesse sido diferente. No entanto, o coronel enfatizou que todos os erros são parte do passado, e que podem e devem ser corrigidos.

Ao final o Cel Pedroso reforçou o pedido de apoio à tropa. Para ele a questão é simples: "Ou a tropa está comigo, ou não há mais nada a ser feito", disse o coronel afirmando que não se prende ao cargo que ocupa. "Não tenho outras pretensões. Já sou coronel e cheguei a Comandante Geral. Estou no ápice, não quero mais nada", declarou Pedroso dizendo que se a negociação com o governo não avançar e a classe não for contemplada, ele seria o primeiro a se apresentar ao governador e colocar seu cargo à disposição.

"O que for bom pra mim, será bom pra vocês, e o que for bom pra vocês será bom pra mim. Não vou apresentar proposta para agradar ninguém, mas também não apresentarei uma proposta absurda", disse o comandante afirmando que lutará para defender o melhor para a instituição e para os seus integrantes.

O Cel Pedroso encerrou a formatura com um pedido: "Se vocês confiam em seu Comandante, após a formatura geral retornem às atividades normais", disse alegando que o apoio da tropa era imprescindível para dar ao Comando argumentos que permitam a continuidade das negociações com o governo.

O discurso do coronel Pedroso, sobretudo o desapego que afirmou ter ao cargo e a disposição de entregá-lo caso o governo não acene com uma proposta melhor para a classe, encorajou e motivou os militares. Ainda pela manhã já era possível ver viaturas da PM circulando na cidade em patrulhamento, numa prova de que os PM's deram crédito ao seu Comandante Geral e confiaram em sua palavra.

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