Em assembleia, policiais militares decidiram também fazer ato público no dia 12 de junho, durante visita do presidente Lula.
“É devagar, é devagar, é devagar, devagarinho...”. Será nesse ritmo da canção homônima de Martinho da Vila, que a Polícia Militar de Sergipe (PM) vai começar a trabalhar a partir de hoje, para atender as ocorrências da comunidade. A decisão foi tomada, ontem, depois de uma longa assembleia da categoria no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, quando ficou definido, também, que, na próxima sexta-feira, a partir das 14 horas, haverá uma passeata que sairá da praça da Bandeira, com destino ao Palácio de Despachos. Esse movimento está sendo organizado pelo Conselho de Segurança das Comunidades, que apóiam os militares e coincide com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevista para o mesmo dia.
O presidente da Associação Unida, capitão Samuel Barreto, afirmou que todos os dias, até o encerramento dos trabalhos parlamentares, a categoria assistirá as sessões na Assembleia Legislativa. “Vamos acompanhar o trabalho da comissão e não vamos aceitar que votem penduricalhos para nós”, afirmou Barreto, num instituto lotado, com cerca de mil pessoas. O Instituto Histórico tem capacidade para abrigar 900 pessoas sentadas.
Ao decidir com a categoria que as viaturas só circularão respeitando o limite máximo de velocidade dentro da capital – 60 quilômetros - o capitão Samuel se dirigiu aos colegas e fez ressalvas: “se for para socorrer um parente nosso, um colega, vamos correndo. Caso contrário, vamos andar devagar, “devagarinho”, disse e arrancou aplausos dos militares que concordaram com a afirmação. Aliado a isso, os militares reforçaram que só circularão fardados pelas ruas se for estritamente necessário. “Eu mesmo não vou mais vestir a farda”, avisou Samuel, ao conclamar os demais seguir seu exemplo. “Não vamos trabalhar de graça”, afirmou Samuel ao dar como exemplo o policial que sai de casa para o trabalho devidamente fardado.
Os militares também não vão trabalhar dentro de delegacias, por não se considerarem guardas, mas cumprir horário. E apresentaram um parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE) onde diz que o trabalho da PM é preventivo e ostensivo. Eles não acham justo que os policiais civis ganhem um bom salário e o governo não queira negociar com os militares. No meio da assembleia, ao fazer comparações entre o salário da PM e o da Polícia Civil, o sargento Jorge Vieira, da Caixa Beneficente da PM, chamou Antonio Moraes, vice-presidente do Sindicato da Policia Civil (Sinpol), de “pelego”. E arrancou palmas da plateia.
Além de andar “devagar, devagarinho” os policiais militares só irão às ruas se tiverem equipamentos de segurança – coletes à prova de bala, coturno, arma, etc. O capitão Samuel orientou, na assembleia, que os militares não devem entrar em confronto com os oficiais superiores caso estes insistam que os subordinados devem ir para as ruas sem equipamentos: “mande ele dar a ordem por escrito. Se ele não quiser, grave pelo celular e procurem os direitos da Justiça”, orientou.
Mais de 20 militares discursaram durante a assembleia, que começou por volta das 8 horas e só terminou pouco depois do meio-dia. Por volta das 11 horas, pelo menos 14 queriam falar. Cada um deles criticou a postura do governo Marcelo Déda, que “se mostra irredutível” em negociar e propôs maneiras de enfrentar o problema. Em determinado momento da assembleia, o capitão Samuel subiu à mesa para imitar outro oficial, que em época passada, liderou movimento semelhante.
Fonte: Jornal da Cidade.
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