terça-feira, 27 de julho de 2010

Conselheiros dizem que Estado está em falta com a assistência ao menor

Trabalho dos Conselhos Tutelares fica em vão com a falta de um lugar de tratamento para o menor viciado

A situação dos menores sergipanos que sofrem, principalmente, com a influência das drogas, tem sido uma grande preocupação dos Conselhos Tutelares. Os órgãos responsáveis pela proteção à criança e ao adolescente têm visto seu trabalho lesionado quando retira o menor viciado das ruas, mas não tem um local de internação e acolhimento do Estado para encaminhá-lo. Esse lamento foi feito por conselheiros tutelares de Sergipe, na manhã de hoje ao Universo Político.com. Segundo eles, o Estado está em falta com a proteção ao menor.

"As propostas do Estado são muitas, mas são ineficazes. O Conselho pega o jovem insulto, leva para um tratamento no Hospital São José (hospital de atendimento público ao menor viciado), e lá eles dão um tratamento laboratorial, de dois ou três dias, e depois devolvem para a família. Ora, todos sabemos, como a própria literatura nos mostra, que a droga é uma questão de desestruturação familiar. Então, não adianta tirar o jovem daquele lugar onde ele se desestruturou e devolvê-lo, do mesmo jeito, para o mesmo setor. Isso deixa a gente até magoado e irritado, porque depois vemos esse menor sofrendo de novo", reclamou o conselheiro João Pereira.

Segundo ele, para tratar o menor do seu problema com os vícios é preciso tratar também a família. Mas, atualmente, o Estado não está disponibilizando nem um local de internação temporária para esse menor, nem um acompanhamento psicológico para sua família. E sem esse cuidado especifico o trabalho dos Conselhos Tutelares acaba sendo desperdiçado.

"É como uma formiguinha lutando contra um elefante. Tem que se ter política mais eficiente. Tem que ter uma instituição a exemplo da Fazenda Esperança, a Mãe Natureza, que faça o tratamento", disse João Pereira, cobrando a criação de abrigos onde o menor possa encontrar base escolar e profissionalização, para ao invés de se atentar a marginalidade, seja preparado para o mercado de trabalho.

Os Conselheiros também criticam o fato de os abrigos existentes não terem uma estrutura capaz de manter esse menor guardado até que ele seja totalmente curado do seu problema. É a chamada evasão, que, geralmente, ocorre através das fugas. Para o conselheiro Daniel Marques, é preciso que se fomente na criança a ideia de que aquele espaço não é uma prisão, mas um lar seguro, longe da violência das ruas e até do ambiente familiar.

"Trabalhamos no Forró Caju e notamos que crianças que estavam em situação de risco em suas casas, e que foram colocadas na instituição (o abrigo), poucos dias depois estavam circulando no mesmo evento do Forró Caju, porque fugiu da instituição", lamentou Daniel, considerando que, tempos depois, algumas dessas mesmas crianças podem ser aquelas que, sem o tratamento devido, se desviam para o caminho da marginalidade. "A gente aplica a medida de proteção, mas é preciso que o Estado venha agir com a aparelhagem necessária", cobrou ele.

Na manhã de hoje, dia 26, a diretora do Núcleo de Apoio à Infância e Adolescente (NAIA), promotora Miriam Teresa Cardoso Machado, reuniu alguns representantes dos Conselheiros Tutelares existentes no estado para tomar ciência de como tem sido realizado o trabalho de proteção à criança e ao adolescente. Segundo ela, nas próximas reuniões novos debates serão levantados para que melhorias sejam aplicadas no que tange ao acolhimento desses menores.

Fonte: Universo Politico

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