sábado, 21 de janeiro de 2012

Sobre as reivindicações da PM de Sergipe e o regimento arcaico

E-mail do policial militar J.C. (o e-mail foi identificado, mas o blog preservará a identidade do PM): 
“Sempre que aparecem lideranças de movimentos que pleiteiam direitos e melhoras para alguma categoria e que vai contra os interesses do governo, recebem logo a acusação de que lideram um movimento político cuja meta é o desgaste do governo. Talvez alguns líderes busquem dividendos políticos através da notoriedade que alcançam em tais movimentos, mas isto não descredencia ou esvazia a justeza da causa; lembre-se, são milhares de insatisfeitos na PM e isto só pode denotar o grau de arbitrariedades, humilhações, privações e acontecimentos aberrativos que os policiais estão sujeitos, de indignar o mais leve preceito moral e civilizatório. É preciso não esquecer que tais movimentos não existiriam se o governo honrasse as promessas outrora feitas à PM; se o governo por iniciativa própria buscasse solucionar as deficiências e injustiças da PM, que são muitas; se o governo abrisse um canal de negociação séria e evolutiva, não somente com a cúpula, mas principalmente com aqueles que literalmente carregam o piano nas costas, sentem-se abandonados e não têm o direito de serem ouvidos. O governo em vez de abrir os olhos sobre a problemática que é a gênese desses movimentos, procurando equacioná-la de tal forma que minimize o surgimento de revoltas e insatisfações justas, pelo contrário, ignora e/ou alimenta. Por inépcia, negligência ou simplesmente por despotismo, o governo se outorga o direito de fazer o que bem entender, e prefere no que diz respeito à PM, usar este arcaico e tirano regulamento militar para calar os que buscam mais justiça, respeito e dignidade, em vez de humanizar, trazer para a PM (e para o PM) um tratamento digno de uma sociedade civilizada.

Portanto o discurso vazio do governo não sobrevive à realidade sofrida de quem realmente dá seu sangue pela sociedade; ao ambiente insalubre: alojamentos imundos, prédios que mais parecem refúgio de mendigos, alimentação que não respeitam as normas da vigilância sanitária; à hierarquia despótica daqueles que se acham pertencente ao panteão dos deuses, ao olimpo; aos deveres cobrados regiamente, mas direitos negados sumariamente; ao tratamento desumano dentro da própria corporação; ao tratamento diferenciado dado pelo governo às corporações policiais.

É inegável que ouve uma significativa evolução salarial (forçada, é verdade), mas mais dinheiro com indignidade e desrespeito é uma tríade aberrativa e contraditória. Se no caso do aumento salarial ouve um embate para conquistá-lo, o mesmo está se desenhando, por inabilidade do governo, para a conquista do respeito e da dignidade, que maldosamente são negados aos verdadeiros profissionais da polícia militar, aqueles que estão na linha de frente e não sentados em confortáveis gabinetes. A PM é a instituição mais anacrônica do tecido social brasileiro. Eu pergunto: como pode profissionais regidos por um sistema tirânico, servir com eficiência uma sociedade dita democrática?”
Fonte: Blog do Claúdio Nunes

Um comentário:

  1. Sou MILITAR e digo que hoje tenho vergonha, pois o que passamos é humilhante. Temos vários exemplos dessa humilhação, como o tratamento diferenciado entre a PM e a PC, como um policial civil recebe R$ 300,00, no pré-cajú, e um policial militar menos de R$ 100,00?
    Quero saber se o nosso GOVERNADOR prefere prevenir um homícidio ou descobrir quem matou? Quem faz segurança dos órgãos públicos, deputados, governador, desembargador, secretários e até de delegados?
    São tantas perguntas que fico muito triste por ñ intender esse tratamento. E pra finalizar digo mais, DEDA foi um sonho pra os militares e agora tá se tornando um pesadelo, trabalhamos muito pra elege-lo e agora muitos de nós estamos vendo esse nomesonho se tornar arrempedimento.

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