terça-feira, 15 de maio de 2012

Três cenas de uma polícia brasileira

- É chegar no quartel e aquele cara me persegue. Trabalho, cobrança, atribuições… Não aguento mais. Estou vendo a hora de fazer uma besteira e…
- Calma, meu filho. Isso vai passar. Daqui a uns dias ele é transferido, como tantos…
- Ele já me olha com ar de acusação, até pesadelo tenho. Por que eu? O que eu fiz?
- Calma, amor…
- Que mané polícia… Quero saber de dinheiro. Estou aqui nesta delegacia tem doze anos, não perco uma noite mais por ninguém. Cidadão chega reclamando, delegado… Em dinheiro ninguém fala. Além disso, a gente prende e a Justiça solta. Trabalho de otário. Me poupe.
Formou-se soldado. Ouvira durante todo o seu curso que era hora da pacificação das comunidades. “Vocês serão policiais diferentes, comunitários, formados sob a perspectiva da humanização”.
Em seu primeiro serviço, deram-lhe um fuzil e uma boina preta. Estava pronto para a pacificação.
*Estas cenas são descrições meramente fictícias, passíveis de ocorrer, entretanto, em qualquer polícia brasileira.

 Autor: - Tenente da Polícia Militar da Bahia, associado ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública e graduando em Filosofia pela UEFS-BA

Fonte: Blog Abordagem Policial

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagens populares