terça-feira, 12 de junho de 2012

Carta de um bombeiro excluído

Lutei por ver coragem em cada momento onde o medo e a opresão covarde e insana eram vencidas. A corporação sempre foi respeitada pelo que fazemos e nunca por como vivemos. Até hoje tem bombeiro vivendo de aluguel, morando em comunidade porque não tem como ter sua casa própria. Lutei por acreditar que lutar por dignidade não era crime e, que bombeiros necessitam fazer bico de segurança ou em brigadas pra completar seu orçamento. Lutei porque pude ver uma corporação linda, com seu brilho, com sua honra e com seus herois; que sempre serão respeitados pela população. Hoje uma corporação humilhada covardemente, ameaçada e retalhada, mostrando que tem homens normais que o povo vê como herois e o governo como vandalos irresponsaveis; que mesmo assim é chamado pra socorrer a todos em quaisquer situações. 

Na terra, no fogo, no mar e nas alturas lá estara o bombeiro. Lutei porque acreditei no povo que tanto salvei, que tirei das ferragens. Socorri centenas nas ruas, ajudei a trazer ao mundo varias crianças, suportei calor, chuva, frio e dores. Afastei-me da minha propria familia para trazer pessoas a suas familias. Hoje sou um excluido, apenas um excluido e vejo todos fazendo a sua vida normal, como se nada estivese acontecendo: churrascos, festas, futebol, baladas e etc... Lutei pelo compromisso com a sociedade em trabalhar com melhor equipamento e condições de trabalho ideais para a profissão. 

Hoje sou um excluido, apenas um excluido; que vê sua familia definhando em estresse, adoentada, sem hospital. sem nem saber se vai ter dinheiro amanha pra se alimentar, vestir, morar. o que eu posso fazer se a metade da minha vida eu dediquei ao corpo de bombeiros, hoje o que eu mais sei fazer é salvar vidas e, se isso foi me tirado a minha vida tambem foi. Fica aqui o meu repudio e minha tristeza a esta corporação onde as ordens absurdas fazem parte dela, onde as ameaças consequem calar a voz de guerreiros, onde a repressão faz calar a todos e lesiona as vertebras, onde nem pode se movimentar; o que eu devo fazer se estou livre disso tudo. 

Mas, sem a minha principal questão de vida que é salvar, estou indo resgatar o que sobrou da minha vida. Não quero doação, quero o meu salario salvando como sempre salvei, quero o meu uniforme que sempre adorei colocar; estou indo pra outro estado procurar algo para manter minha familia porque ela sempre esteve comigo e ela merece tudo e todo o meu sacrificio . 

Atenciosamente a quem interessar 

Paulo nascimento 
Ex-2º Sgt Bm Nascimento

Fonte: Blog SOS Segurança Pública

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