terça-feira, 20 de outubro de 2015

Comandante em exercício da PM se reúne mais uma vez com associações.

Entre o final da manhã e o início da tarde desta segunda-feira, 19, representantes de associações dos militares estiveram reunidos no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar de Sergipe com o Comandante em exercício da corporação, Coronel Jackson Nascimento. O convite às associações partiu do próprio Coronel e a pauta do encontro foram as mortes recentes de policiais militares e a pauta de reivindicações da categoria junto ao governo. Estiveram presentes representantes da ASPRA, ASSOMISE, ACSPMCB, ASIMUSEP, AMESE, AAM e UNICA, além do Deputado Estadual Capitão Samuel (PSL).

O Coronel Jackson demonstrou preocupação com a repercussão da morte de dois policiais no último fim de semana e pediu aos representantes cuidado na forma de abordagem do assunto, para que não se contribua para criar uma sensação generalizada de insegurança entre a população e entre os próprios policiais. Ele afirmou ainda que a Polícia Militar daria o apoio necessário às famílias dos policiais mortos. As associações também fizeram solicitações ao Coronel. Cobraram respostas às mortes dos policiais por parte da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e da própria Polícia Militar, e solicitaram mudanças para proporcionar mais segurança aos policiais em serviço. Entre os questionamentos feitos foram pontuadas a presença de apenas dois policiais por viatura, a realização de bloqueios policiais (blitz) com efetivos reduzidos, o emprego de policiais isolados em determinados postos de serviço, como se verifica em diversas delegacias do interior e até mesmo em postos localizados na capital, entre outras questões.

O Coronel ouviu os questionamentos e também se disse preocupado com os problemas enfrentados pela SSP e pela PM. Entre os tantos problemas, citou a questão da distribuição igualitária de recursos e materiais entre instituições completamente desiguais em dimensão, efetivo e missão, referindo-se claramente às Polícias Militar e Civil. Neste ponto o Coronel Jackson obteve total apoio das associações tendo em vista que a diferença entre os efetivos da PM e da PC e a necessidade de maiores investimentos nas ações preventivas, a cargo da Polícia Militar, não justificam uma distribuição equitativa de parcelas de recursos ou de materiais e equipamentos entre as duas instituições. Por lógica, o entendimento é de que a instituição maior necessita obviamente de mais recursos e meios para o desenvolvimento a contento de suas atividades. Para as associações a SSP precisa investir mais e de forma correta em ações preventivas, que evitem a incidência de crimes.

Mortes

Os representantes das entidades se mostraram preocupados com o crescente número de mortes de policiais em Sergipe vítimas de homicídio, que só este ano já chega a sete. Embora a SSP defenda que tais mortes não indicam a existência no estado de um confronto direto e deliberado entre bandidos e policiais, e ressalte que as mortes dos policiais não se deram em serviço, para os dirigentes as circunstâncias são o que menos importam. Para eles o fato é que policiais estão morrendo, não importa como, e o governo precisa dar respostas rápidas e enérgicas para que a situação não fique fora de controle. "Se compararmos proporcionalmente o número de policiais mortos em Sergipe somente este ano, representaria uma taxa de homicídios de 140 mortes por grupo de 100 mil pessoas. Para se ter ideia do que isso representa, a taxa de homicídios no Brasil em 2014 foi de 25,3 a cada 100 mil e em Sergipe foi de 45 a cada 100 mil, o que demonstra que o número absoluto pode ser pequeno, mas em proporção ao efetivo da nossa PM o número é bastante alto e providências precisam ser tomadas com urgência", afirmou o vice-presidente da ASPRA, Sargento Anderson Araújo.

Manifestação

Acerca da manifestação programada por uma das sete associações que participaram da reunião, a Unica, o Coronel Jackson reforçou a solicitação já feita em reunião realizada na última quarta-feira, 14, de que as entidades aguardassem o retorno do Comandante-Geral, Coronel Iunes, para que discutissem com o mesmo sobre as mortes de policiais e sobre o encaminhamento das demandas da categoria, e após isso decidissem que medidas adotar para que pudessem alcançar seus objetivos.

Em reunião posterior realizada apenas entre os dirigentes, todas as associações demonstraram concordar com a ideia da manifestação divulgada pela Unica, mas guiados pela prudência e pela experiência adquirida em movimentos anteriores da categoria, encabeçados por estas mesmas associações, decidiram pelo atendimento à solicitação do Comandante em exercício, e sugeriram que o ato fosse adiado e realizado em conjunto por todas as associações em data posterior à reunião com o Comandante, que deverá ocorrer no próximo dia 27. A ideia era ter mais tempo para divulgação do ato e fazê-lo já com conhecimento do posicionamento do Comandante Geral, além de fortalecer o movimento com a participação de todas as associações. Apesar da solicitação os dirigentes da Unica optaram por manter a realização do ato público que idealizaram.

Para o presidente da ASPRA, Sargento Antônio Carlos, que não participou da reunião por estar em serviço, é preciso respeitar a autonomia da Unica, da mesma forma que é preciso que se respeite a decisão das demais associações. "Seria ótimo se pudéssemos dar início a qualquer mobilização todos juntos, mas não podemos tolher o direito da Unica de realizar um ato que ela idealizou, da mesma forma que não se pode desrespeitar o direito de outras associações de escolherem uma outra forma de manter a luta pelos objetivos definidos. O respeito às convicções de cada um deve prevalecer nesse momento", disse Carlos.

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