terça-feira, 7 de junho de 2011

Deputado Mendonça Prado chegou ao Rio para intermediar negociações

O presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados de Brasília, deputado Mendonça Prado (DEM-Se) disse temer que o movimento dos bombeiros do Rio provoque uma onda de protesto entre bombeiros e policiais militares de outros estados do país, em meio a mobilização já existente em torno da PEC-300, emenda que propõe a unificação dos salários.

Prado chegou ao Rio na manhã dessa terça-feira (7) para tentar intermediar as negociações entre representantes da categoria e o governo do Estado.

- As polícia militares de todo o país estão muito mobilizadas na defesa da PEC-300 e coincidiu desse protesto acontecer justamente nessa hora. A nossa preocupação é que isso desencadeie uma sério de manifestações pelo país. Já encontrei aqui representantes das policias de Minas Gerais, São Paulo e Sergipe.

Deputado afirma que vai pedir ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que aponte uma saída a avalie o que é possível oferecer para atender as reivindicações.

- Espero que o governador tenha sensibilidade e libere os bombeiros presos. Não é possível manter 400 bombeiros presos.

Entenda o caso

Por volta das 20h da última sexta-feira (3), cerca de 2.000 bombeiros - muitos acompanhados de mulheres e crianças - ocuparam o Quartel Central da corporação, no centro do Rio de Janeiro. O protesto, que havia começado no início da tarde em frente à Alerj (Assembleia Legislativa), durou toda a madrugada.

A principal reivindicação da categoria é aumento salarial de R$ 950 para R$ 2.000 e vale-transporte. A causa já motivou dezenas de paralisações e manifestações desde o início de abril. Seis líderes dos movimentos chegaram a ser presos administrativamente em maio, mas foram liberados.

Diante do clima de tensão no Quartel Central, repetidos apelos feitos pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, para que os manifestantes retornassem às suas casas foram ignorados e bombeiros chegaram a impedir que colegas trabalhassem diante dos chamados de emergência. A PM, então, com auxílio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), invadiu o complexo às 6h de sábado (4). Houve disparos de arma de fogo, acionamento de bombas de efeito moral e confrontos rapidamente controlados. Algumas mulheres e crianças ficaram levemente feridas e foram atendidas em postos no local.

Os bombeiros foram levados presos para o Batalhão de Choque, que fica nas proximidades. De lá, 439 foram transferidos de ônibus para a Corregedoria da PM, em São Gonçalo, região metropolitana do Estado, onde passaram a madrugada de domingo (5). Durante a manhã, eles foram novamente transferidos, só que para o quartel do bairro Charitas, em Niterói, também na região metropolitana.

Visivelmente irritado com o "total descontrole", o governador Sérgio Cabral anunciou no sábado, após reunião de cerca de cinco horas com a cúpula do governo, a exoneração do então comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Pedro Machado. O cargo passou a ser ocupado pelo coronel Sérgio Simões, que era subsecretário de Defesa Civil da capital fluminense.

Cabral disse que não negocia com "vândalos" e "irresponsáveis", alegou que os protestos têm motivação política e se defendeu dizendo que o governo tem planos de recuperação salarial para todos os militares desde 2007. Segundo ele, com todas as bonificações e reajustes previstos, até o fim do ano, os bombeiros terão um salário muito próximo ao que é reivindicado.

Os bombeiros presos serão autuados em quatro artigos do Código Penal Militar: motim, dano em viatura, dano às instalações e por impedir e dificultar a saída para socorro e salvamento. A pena para estes crimes varia de dois a dez anos de prisão. Inconformados, alguns iniciaram greve de fome como mais uma forma de protesto.

Apesar das baixas, o comando-geral do Corpo de Bombeiros informou que a rotina de atendimento à população está mantida e que os substitutos dos bombeiros presos assumiram seus postos.

Por Mariana Costa

Fonte: Portal R7


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