sábado, 13 de outubro de 2012

Dráuzio Varella: A natureza do trabalho dos agentes pouco os diferencia da condição de prisioneiros

Médico conhecido no Brasil inteiro passou mais de 20 anos atendendo presos em presídios de São Paulo. Decerto, sabe o que diz.

Imagine-se no interior de um pavilhão, desarmado, rodeado por centenas de apenados, tendo apenas uma jaqueta surrada como diferencial entre você e os presos. Até um dia desses, era assim que funcionava o sistema penitenciário em muitas unidades penais da Paraíba. E era assim que trabalhavam os agentes penitenciários do famoso complexo prisional Carandiru, em São Paulo, no qual Dráuzio Varella se inspirou para escrever o livro Carcereiros.

Na página 16 da obra, o médico que passou 23 anos atendendo detentos em vários presídios paulistas é taxativo: “A natureza do trabalho dos guardas de presídio pouco os diferencia da condição e prisioneiro, exceto o fato de que saem em liberdade no fim do dia, ocasião em que o bar é lenitivo irresistível para as agruras do expediente diário”.

O livro é baseado em relatos de agentes e presos com quem Dráuzio conversou durante mais de duas décadas de relacionamento constante. Até mesmo os casos de corrupção envolvendo agentes foram narrados pelos funcionários entrevistados pelo médico.

- São essas pessoas que a sociedade põem lá, entopem a cadeia de presos e dizem “oh, se vira; dá um jeito de manter esses presos quietos aí. E que ninguém fuja!” – relata o autor do livro.

Para quem tem um mínimo de curiosidade de saber como é passar metade da vida (ou mais) dentro da cadeia – seja preso ou trabalhando –, recomendamos a leitura.

Veja o vídeo aqui. Carcereiros, por Dráuzio Varella.

Fonte: Paraíba em QAP

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