quinta-feira, 5 de julho de 2018

ES: Associação lança projeto de iniciativa popular para anistia


O projeto de lei de iniciativa popular de anistia administrativa aos militares capixabas foi apresentado pela Associação de Cabos e Soldados (ACSPMBMES) e pelo Fundo de Amparo aos Miliares Capixabas (FAMCAP) nesta quinta-feira, 28 de junho, e contou com a participação de mais de 200 pessoas entre militares, autoridades políticas, entidades militares e civis. O evento aconteceu na sede recreativa da ACS em Jardim Camburi, Vitória (ES). A paz é o caminho! Este foi o tom que norteou toda a noite de apresentação do projeto e que ficou claro no discurso da presidente do FAMCAP, a ex-sargento Michelle Ferri ao abrir a noite e emocionar a todos os participantes.

“O fundo nasceu da necessidade de acolher os injustiçados e fortalecer a nossa união. Se o Governo quer a guerra, nós queremos a paz. Nós queremos que a sociedade nos ajude a abrir o coração das autoridades da Segurança Pública para que o passado fique no passado e a vida prossiga daqui para frente. Chega de tanto ódio, chega de tanta perseguição. A ANISTIA é uma reivindicação justa para aqueles que diariamente põem em risco a própria vida. Ela dará início a um novo tempo de harmonia e paz dentro e fora dos batalhões. Eu acredito do fundo do meu coração que a paz é o caminho”, destacou. Michelle Ferri disse também que a expulsão da Polícia Militar a deixou sem direção, mas quem a ajudou no momento mais crítico de sua vida foi a sua família e os amigos militares.

“A expulsão da PM tirou completamente o meu chão e só não desmoronou a minha família porque o nosso alicerce é feito de amor e fé. Eu agradeço a todos que me estenderam a mão no momento mais difícil da minha vida e jamais vou esquecer esse gesto de solidariedade. Tenho fé que Deus vai tocar o coração das nossas autoridades para que concedam a anistia a todos os policiais que hoje estão no paredão, os mesmos que sempre deram o melhor de si na perigosa função de proteger a sociedade”, afirmou Michelle.

A Constituição do Espírito Santo diz que todos têm direito de participar pelos meios legais das decisões do Estado e do aperfeiçoamento democrático de suas instituições. “Eu acredito que todos os que participaram da apresentação do projeto têm a percepção que as instituições do nosso Estado seguem na direção única e vejo que o povo tem condição de aperfeiçoar a democracia. Se as instituições não estão cumprindo o seu papel, o povo tem o direito a partir desse instrumento de aperfeiçoar, mostrar para as instituições que algo está errado”, explica o presidente da ACS, sargento Renato Martins.

O sargento também relembrou o período sombrio que foi fevereiro do ano passado e considerou uma vitória a presença de mais de 200 pessoas na apresentação do projeto de lei de Iniciativa Popular. “Nós podemos ter segurança de colher essas assinaturas e encaminhar esse projeto. Vamos resgatar os direitos perdidos pelos militares. Teve momento, depois de fevereiro de 2017 que a percepção que eu tinha era de que nunca mais iríamos conseguir fazer uma reunião como a que houve nesta quinta-feira, juntar pessoas em prol de um mesmo objetivo e eu vi pessoas que até tem divergência política, mas que estiveram juntos nesta causa”, disse Renato.

O presidente da ACS acredita que as 40 mil assinaturas necessárias para o projeto serão coletadas com o engajamento demonstrado pelos policiais militares. Se o projeto de lei de iniciativa popular de anistia não for votado até o final do mandato dos atuais deputados, ele não poderá ser arquivado

“Conseguiremos com muita tranquilidade porque estamos engajados nessa luta que não é minha ou da Michelle, é uma luta de todos nós. É a oportunidade que temos de mostrar que estamos unidos em prol dessa luta. Colher as assinaturas e ultrapassar as 40 mil não será uma tarefa difícil se nós e nossos familiares estivermos engajados, conseguiremos facilmente essas assinaturas”.

Políticos fazem “bolão” para ver quem coleta mais assinaturas

Os vereadores que também são policiais militares, capitão Chico Siqueira, de Vila Velha, cabo Porto, do município da Serra, cabo Joel da Costa, de Cariacica e cabo Max Daibert, do município de Viana, participaram da apresentação do projeto e ocuparam a mesa de honra. Durante a solenidade, fizeram um “bolão” entre eles para ver quem coletará mais assinaturas.

Cabo Joel da Costa se comprometeu a conseguir 5 mil assinaturas em seu município. Já Cabo porto elevou o número para 10 mil assinaturas que serão coletadas na Serra. Em um tom amigável e descontraído, os dois parlamentares se voltaram para o cabo Max Daibert, de Viana e disseram que a cota dele será todo o município em que atua. Cabo Joel da Costa destacou a importância dos militares se voltarem para a política, discutirem o assunto e atuarem nela, algo que era praticamente impossível no passado e desafiou todos os pré-candidatos que são militares a abraçarem a causa.

“Essas ‘cacetadas’ que a PM e BM estão tomando são uma consequência lá do passado quando não dávamos importância a política. Eu não tenho dúvidas que iremos reverter esse quadro e nada melhor que a sociedade capixaba pra dizer quem é que está errado, se é o governo ou se é a PMBM. No meu gabinete, conseguirei cinco mil assinaturas tranquilamente, mas já que fui desafiado pelo Cabo Porto, conseguirei 15 mil e desafio a todos os pré-candidatos militares a colherem mais assinaturas que eu”.

O vereador Max Daibert brincou ao dizer para deixar a questão de número de assinaturas de lado e destacou a importância de se alcançar a Anistia. A fala de Daibert foi direcionada aos pré-candidatos a deputado estadual, federal e ao governo do estado.

“A anistia deve estar na pauta de qualquer pré-candidato a governo do Estado e aos pré-candidatos ao parlamento digo que tenham personalidade. Não adianta chegar lá e virar marionete de governo assim como não adianta vereador ser marionete de prefeito. Cargos parlamentares são diferentes de cargos majoritários. Majoritário pensa num todo e parlamentar pensa em defesa de grupo de pessoas. Aqueles que estão respondendo procedimento e sofrendo nesse momento peço que tenham coragem e mantenham-se firmes e podem contar com o cabo Max”.

Deputados apoiam o projeto

O projeto de anistia administrativa foi criado pela Associação de Cabos e Soldados e apresentado à Presidência da Comissão de Segurança na ALES em maio deste ano. O projeto teve amplo apoio dos deputados e 26 deles assinaram o documento dizendo que eram favoráveis.

A assinatura aconteceu após o deputado Gilson Lopes, que é presidente da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa se comprometer com os militares durante a audiência pública que debateu o tema no dia 16 de abril.

Informações de Mary Dias, da assessoria de imprensa da ACSPMBMES

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